Funções ADAS – sigla para Advanced Driver Assistance Systems (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor) – como a frenagem automática de emergência e desvio de faixa serão sistemas obrigatórios em todos os automóveis produzidos no Brasil ou importados a partir de 1º de janeiro de 2029. A iniciativa engloba uma nova regra do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que começará a ser colocada em prática a partir de 2026.

Para que essa inserção nos veículos seja mais acessível, as principais montadoras do setor automotivo nacional estão investindo R$ 44 milhões em um parque tecnológico, chamado Senai Park, que fica em Suape, Pernambuco, inaugurado recentemente.

Vale destacar que esses mecanismos de ADAS, atualmente, são importados e destinados a modelos premium ou de luxo.

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Frenagem automática de emergência deverá constar em todos os veículos novos a partir de 2029
Frenagem automática de emergência deverá constar em todos os veículos novos a partir de 2029 – Foto: Freepik/pvproductions

Entenda

Frenagem automática de emergência (AEB): sistema de segurança que usa de sensores para detectar riscos de colisão, como veículos, pedestres ou ciclistas.

Desvio de faixa: sistema que reconhece quando um veículo sai de sua faixa de rodagem, intencionalmente ou por falha do motorista.

Hyundai HB20S – Foto: Divulgação

Como vai acontecer esse projeto?

Para se ter uma ideia, o projeto está sendo desenvolvido no âmbito do Mover.

“É um projeto que tem sido construído no âmbito do Mover, do programa de Mobilidade Verde, dentro da linha de pesquisa e desenvolvimento, especificamente na categoria de projetos estruturantes, que são projetos que têm como objetivo impulsionar a indústria brasileira e ajudar a indústria brasileira a se desenvolver. Um projeto que não resolve o problema de uma única empresa, mas que beneficia a cadeia como um todo”, explica Oziel Alves, diretor de inovação e tecnologia do Senai-PE, com exclusividade à MOTOR SHOW.

Primeiro, os engenheiros vão trabalhar na arquitetura do sistema do sensor radar. Depois, a fase do projeto avança para a integração desse sensor nos devidos sistemas ADAS de cada montadora, já que cada uma tem suas especificações.

“Então, o projeto foca nesse ciclo de desenvolvimento do produto e depois na industrialização disso. Desenvolver uma linha de produção piloto, de pequena escala, para fabricar, industrializar esses sensores radares aqui. Depois, uma etapa de integração desses sensores com o sistema ADAS nos veículos, e uma etapa de teste e validação desses sensores já aplicado nos veículos”, ressalta Alves.

Com isso, o objetivo final é desenvolver o sensor e, por consequência, uma cadeia de fornecedores que possam produzir e nacionalizar essas tecnologias. O resultado da aprovação desse projeto sairá no dia 3 de novembro. A partir daí, sai o recurso para o desenvolvimento.

Haverá a participação da Stellantis, Volkswagen, Valeo (que é uma grande sistemista que produz ADAS globalmente), TE (sistemista), Tron (empresa regional pernambucana que trabalha com sistemas eletroeletrônicos).

Estão presentes também o Instituto de Ciência e Tecnologia, o Senai Pernambuco, o Instituto Senai de Inovação para TICs, o Senai de Santa Catarina (que trabalha com sistemas embarcados), o Instituto Eldorado de Campinas, a Universidade Federal de Pernambuco e a Universidade de Brasília.

“Nesse sentido, o sensor radar é o principal elemento para embarcar esse tipo de inteligência no veículo. Com isso, a expectativa é que o volume [da indústria nacional] passe de aproximadamente 200.000 sensores radar para 2,5 milhões nos próximos anos.”

Senai Park
Senai Park – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

Senai Park

O Senai-PE (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco) inaugurou nesta semana um parque tecnológico chamado de Senai Park. Dois projetos já estão em execução no local e somam investimentos de R$ 100 milhões, com previsão de mais R$ 200 milhões em captação.

O primeiro desenvolve um protótipo nacional de bateria de lítio de baixa tensão para veículos híbridos. Neste, há a participação das empresas Moura, Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse.

O segundo tem como foco a digitalização da cadeia de produção do hidrogênio sustentável, com empresas como Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil.

Senai Park
Senai Park – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

O que é o Senai Park?

Senai Park está instalado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, Pernambuco. De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, “a estrutura foi criada para atender às demandas da indústria pernambucana e nacional, promovendo o desenvolvimento tecnológico e a integração entre empresas, instituições de ensino e centros de pesquisa”. O objetivo é validar projetos e acelerar o lançamento de produtos no mercado nacional.

Instalado em uma área de 1,4 hectare, o Senai Park possui estrutura modular e laboratórios voltados à pesquisa e ao desenvolvimento de soluções industriais. O espaço conta com plantas-piloto, linha de produção de baterias de lítio em pequena escala e equipamentos para a produção e uso de hidrogênio verde, que inclui eletrolisador, célula a combustível e estação de abastecimento.

“A ideia do parque surge a partir de um uma pesquisa, uma análise estratégica. Também existe trabalhos acadêmicos de mestrado, doutorado que a gente desenvolveu nesse sentido, fundamentando o conceito de como criar um cluster de inovação e tecnologia industrial. Então, olhamos o que vinha sendo feito globalmente, os modelos, as principais potências globais. E basicamente o que a gente identificou foi o modelo de ser estruturar clusters de tecnologia e inovação e nos inspiramos neles. Olhamos um pouco do que tinha acontecido ao longo do mundo e depois começamos a analisar as características do nosso país e do nosso estado.”