Mercedes CLC e Audi A3 têm muito em comum: o preço sugerido, na casa dos R$ 120 mil, o porte, a potência, a origem alemã e o status proporcionado tanto pela estrela de três pontas quanto pelos quatro anéis. Um terceiro modelo, que se enquadraria quase perfeitamente nesse rol de “semelhanças”, não compareceu à disputa. Primeiro, a BMW não disponibilizou seu Série 1, na versão 120iA (R$ 118 mil, sugerido) para nossa avaliação. Depois, tentamos ter acesso ao modelo em uma concessionária; também não deu certo. Recorremos a um proprietário, que acabara de comprar o carro; outra tentativa frustrada. Parece que esse BMW não queria mesmo estar aqui. Melhor para ele, que provavelmente levaria a pior: seu motor 2.0 aspirado tem apenas 156 cv e seu design está envelhecido.

A proposta do Mercedes é mais esportiva até na posição de dirigir. Mas faltam itens de série encontrados até em hatches na faixa dos R$ 60 mil. A inexistência das borboletas no volante é quase imperdoável!

Descartado o 120iA, estava formado o duelo. As principais semelhanças entre eles já foram apontadas. É chegada a hora de analisar suas diferenças. E elas não são poucas. A questão principal aqui é esportividade. E cada um leva vantagem em aspectos distintos, a começar pela carroceria: enquanto o Mercedes é um cupê duas portas, o A3 é um hatch, ou, como prefere a marca, Sportback (o A3 duas portas não é vendido no Brasil). Se a questão é esportividade no design, o Mercedes leva vantagem – fãs puristas de esportivos preferem duas portas. Por outro lado, o A3 acomoda melhor até cinco passageiros e carrega mais bagagem, enquanto no CLC o acesso ao banco traseiro é sofrido, e o porta-malas, menor.

Construtivamente, tração dianteira no A3 e traseira no CLC. Mais um ponto para o Mercedes, uma vez que tração traseira é mais esportiva. As suspensões são iguais, independentes nas quatro rodas, mas o Mercedes é mais firme (mais esportivo). O volante do CLC é mais pesado e direto e a posição de dirigir, mais baixa (mais dois itens que remetem à esportividade, e que, mais uma vez, dão vantagem ao CLC).

Apesar de aparentemente mais pacato (carroceria hatch, quatro portas, tração dianteira…), o A3 surpreende positivamente com um motor mais potente, que responde melhor e trabalha aliado a uma transmissão mais moderna. É mais confortável na cidade, mas também decepciona nos itens de série

Mas é no powertrain que o A3 reage: seu quatro cilindros 2.0 turbo com injeção direta gera 200 cv de 5.100 rpm a 6.000 rpm, enquanto o quatro cilindros do CLC, com apenas 1,8 litro e compressor volumétrico, produz 184 cv a 5.500 rpm. Pensando na questão ecológica, o Mercedes gasta menos combustível, emitindo menos poluentes. A diferença no consumo é pequena, mas o CLC é fabricado no Brasil, gerando menos emissões também no processo de transporte.

Tanto o compressor quanto a turbina proporcionam curva de torque plana, com força disponível em uma ampla faixa de rotações, mas novamente, tanto a quantidade quanto a disponibilidade são maiores no Audi: 28,6 kgfm de 1.700 rpm a 5.000 rpm, contra 25,5 kgfm de 2.800 rpm a 5.000 rpm no Mercedes. Na prática, o motor do A3 responde com mais vigor (no zero a 100 km/h, por exemplo, é 1s7 mais rápido).

No câmbio, nova vantagem – e, desta vez, gritante – do A3. Contra o câmbio automático tradicional do CLC, com cinco marchas e trocas sequenciais apenas na alavanca, a Audi vem com o excelente manual automatizado de seis marchas, com trocas no volante e o sistema de dupla embreagem, com mudanças instantâneas. Agilidade de dar inveja no CLC.

Em conforto e itens de série, ficam abaixo da média, com ausência de itens que hatches nacionais top de linha oferecem. No CLC, bancos com revestimento parcial em couro, no Audi, couro opcional. Aliás, o A3 exagera nos opcionais, oferecendo pouco de série. Já no Mercedes, alguns itens nem opcionais, como os faróis de xenônio, mas sua segurança é superior: além dos dois airbags dianteiros, que o A3 também tem, vem com bolsas laterais dianteiras e cortinas dianteiras e traseiras. No rival, bolsas laterais dianteiras também são de série, mas as traseiras e as cortinas (só dianteiras) são opcionais.

No que mais importa aqui – esportividade –, temos chassi melhor no CLC e powertrain e desempenho superiores no A3. Aí, a escolha vai do gosto do freguês. O Audi é mais leve e mais confortável no dia a dia e leva passageiros com mais conforto, enquanto o Mercedes não faz questão de agradar neste aspecto. São mesmo mais diferentes do que pareciam.

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