A Peugeot está disposta a utilizar todos os trunfos que o novo 208 pode oferecer para aprimorar sua imagem no mercado nacional. Por isso, logo após colocar à venda no Brasil as versões Active e Allure (93 cv) e Griffe 1.6 (122 cv), a marca nos mostrou na França o apimentado 208 GTi, com motor 1.6 turbo de 200 cv. A ideia é resgatar a mística do pequeno 205 GTi, que usava um motor 1.9 de 126 cv e deixou saudades. Melhor do que ver o novo Peugeot 208 GTi, entretanto, é dirigi-lo – e foi o que fizemos num roteiro de 170 quilômetros na região de Nice, no sul da França. Dotado de uma carroceria excelente e ligeiramente maior que a do hatch “normal” (ganhou 10 mm na dianteira e 20 mm na traseira), o 208 GTi encarou as estradinhas francesas com a dirigibilidade que só mesmo um esportivo compacto poderia conseguir.

Com o 208 GTi, a Peugeot mostra que leva muito a sério a palavra “esportivo” quando decide produzir um carro com essa finalidade. Além de trazer a ótima e inovadora posição de dirigir do novo 208, o GTi ainda apresenta uma suspensão muito bem ajustada para garantir equilíbrio entre esportividade e conforto. Não é um carro duro, como seria de se supor, mas isso não compromete sua estabilidade e tampouco sua agilidade. Os pneus 205/45 são montados em lindas rodas diamantadas de 17 polegadas e o câmbio manual de seis marchas tem relações bastante curtas, favorecendo a tocada esportiva. Além disso, o torque de bons 28 kgfm está disponível já a baixíssimas 1.700 rpm, com um rendimento totalmente plano até as 4.500 rpm. Durante o test drive, tivemos oportunidade de levar o ponteiro do conta-giros até 6.500 rpm (ele corta a 6.800 giros). Os freios também são ótimos, com discos de 302 mm na frente e de 249 mm atrás. Como já dissemos, as suspensões ficaram mais firmes. Para obter esse resultado, a marca modificou as molas, a regulagem dos amortecedores e a barra estabilizadora, além de ter deixado a parte dianteira mais rígida que a traseira. O volante é leve como o dos 208 nas versões Active, Allure e Griffe, mas isso não atrapalhou sua esportividade.

Além de ser agradável de dirigir, o GTi é muito bonito. Diversos detalhes externos e internos reforçam sua exclusividade. Por fora, a grade dianteira tem um desenho que lembra um tabuleiro de xadrez 3D. Elementos cromados se alternam com preto brilhante e realçam a estética. Na traseira, um bonito aerofólio e uma dupla ponteira de escapamento completam o visual. Por dentro, além do acabamento em couro dos bancos e do volante, costuras vermelhas fazem aquele efeito de charme. Para completar, as pedaleiras são feitas de alumínio e, ao volante, a leitura do quadro de instrumentos é muito agradável. A mistura de elementos pretos e vermelhos é de muito bom gosto, embora os números finais do velocímetro fiquem amontoados.

Curiosamente, uma das estradas escolhidas pela Peugeot para a realização desse test drive com o 208 GTi foi a famosa “Estrada de Napoleão” pela qual o general francês passou com suas tropas rumo a uma fracassada invasão da Rússia em 1812. Diferentemente de Napoleão, o 208 GTi não negou fogo. Graças ao ótimo conjunto mecânico, todas as manobras de ultrapassagem nas sinuosas estradinhas francesas foram cumpridas sem dificuldade alguma. O fato de se tratar de um carro leve (tem apenas 1.160 kg) ajuda no bom desempenho, comprovado pelos números dos testes oficiais da marca: ele acelera de zero a 100 km/h em apenas 6,8 segundos e atinge nada menos que 230 km/h de velocidade máxima. Para retomar de 80 a 120 km/h, em quinta marcha, gasta apenas 6,8 segundos.

Em seus anos de sucesso, o pequeno 205 GTi alcançou a impressionante marca de 100 mil unidades vendidas. Mas, hoje, o mercado mudou. Há muitos novos concorrentes no segmento, além de inúmeros nichos de mercado inexistentes na época. Por isso, a Peugeot não acredita que as vendas do 208 GTi ultrapassem as 30 mil unidades. Mesmo assim, considera o carro extremamente importante para sua imagem de construtora de automóveis divertidos para dirigir.

Para não disputar diretamente com seus modelos fabricados no Brasil, a Peugeot vai importar o 208 GTi somente no segundo semestre de 2014, e com um preço, claro, bem mais alto (além de importado, é mais equipado e sofisticado). Seus principais concorrentes deverão ser o Volkswagen Fusca, o Mini Cooper e o Citroën DS3. Ainda é cedo para falar em preço, mas, ao que tudo indica, se custasse algo em torno de R$ 70 mil, ficaria muito bem posicionado em nosso mercado.