Andando por São Paulo, começou a chamar minha atenção a grande quantidade de Nissan Kicks que se via pelas ruas, em que pese o fato das vendas desse crossover da Nissan terem se iniciado em nosso mercado no meio de 2016. Um claro sinal que o carro da japonesa Nissan emplacou junto a simpatia do consumidor brasileiro. Um bom sinal. Avaliei a versão top de linha, batizada de SL e equipada com o bom e econômico motor 1.6 de 114 cv, que brilha não pelos cometidos 15,5 kgfm de torque máximo, mas sim pelo comportamento suave dessa curva de torque, que dá a esse bom propulsor respostas sempre prontas ao comando do acelerador. Se o Kicks não brilha pelo desempenho, mostrou-se bem interessante quando o assunto é economia de combustível: com etanol, utilizado ao redor dos 100 km/h na estrada, o consumo girou ao redor dos 11,0/11,5 km/l. No uso urbano, essa oscilação ficou ao redor dos 8,5/9,0 km/l. Resultados bem satisfatórios auxiliados também pelos contidos 1.147 kg, peso semelhante, por exemplo, ao de um Volkswagen Polo TSI.

Na transmissão, uma caixa CVT simula seis marchas e oferece trocas suaves e precisas. Gostei muito da transmissão. O sistema de direção elétrica é preciso e agrada mesmo a motoristas inexperientes. No sistema de freios, a crítica ficou por conta dos velhos tambores nas rodas traseiras. Não que o sistema tivesse se mostrado ineficiente, mas é claro que os discos das rodas traseiras sempre dão um equilíbrio melhor nas frenagens mais difíceis.

O exemplar avaliado estava equipado com o pacote Tech de opcionais (composto pelo alerta de colisão com assistente de frenagem, além da assinatura de LED nos faróis), atinge o preço de R$ 98.890. Sem esse pacote, o Kicks SL sai por R$ 96.490. Além dos equipamentos citados, a versão SL traz, como principais equipamentos, o painel multifuncional com tela de 7”, câmera de 360 graus na multimídia e controles de curva e freio motor.

O Kicks SL oferece ainda seis airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, Isofix, bancos forrados em couro, central multimídia, rodas diamantadas de 17”, ar-condicionado digital, chave presencial, entre outros. Se você acha que os R$ 96,5 mil cobrados por essa versão SL são caros, não deixe de olhar os preço dos topo de linha da concorrência, sempre acima dos R$ 100 mil. Exceção feita ao irmão Captur, que na versão Intense 2.0 com câmbio automático de quatro marchas, custa R$ 93.650 (o modelo da Renault tem uma plataforma mecânica muito semelhante ao do Kicks, além dos dois compartilharem muitos componentes mecânicos).

Com uma distância entre-eixos de 2,61 m, o Kicks oferece um espaço interno coerente com a proposta do modelo. Eu, com 1,84 m de altura, me acomodei confortavelmente tanto no banco dianteiro quanto no banco traseiro quando viajei como passageiro. Os bancos forrados em couro dão uma boa sensação de conforto e o toque do couro é sempre agradável às mãos. Os arremates e materiais utilizados no acabamento são bons, com apliques do mesmo couro dos bancos no painel e nas laterais de porta. Seu porta-malas, com capacidade de 432 litros, é coerente com as bagagens de até quatro pessoas para um final de semana. Em que pese os bons índices de consumo, achei bastante limitada a capacidade do tanque de combustível, de apenas 41 litros. Com gasolina, que resulta em uma maior autonomia, essa capacidade ainda é razoável. Mas, quando se utiliza etanol, a autonomia fica mais comprometida, não ao ponto de incomodar. Mas essa autonomia poderia ser mais extensa.

Mas, se você pensou em um Kicks mais barato e, consequentemente mais despojado, alegre-se pois ele existe: A versão de entrada do carro da Nissan é batizada simplesmente de S manual e custa R$ 73 mil. Tem o mesmo motor 1.6 de 114 cv, mas agora acoplado a um câmbio manual de 5 marchas. Você gosta de rodas de liga-leve, que dão aquele visual bacana? Esqueça, pois as rodas dessa versão são de aço com calotas.

Por aí, você pode ver o grau de despojamento dessa S Manual. Ela é simples mesmo. Mas, é claro, que a partir dessa versão despojada, há várias outras configurações em que são oferecidos equipamentos do modelo de luxo que, a medida que vai sendo equipado, o preço vai ficando cada vez mais salgado. Ninguém faz milagres! Carro mais barato vem despojado de equipamentos e requintes de luxo e os modelos mais caros são aqueles que enchem os olhos e deixam o consumidor boquiaberto, mas cobram do cliente tudo aquilo que encanta na hora da compra. No geral, gostei bastante do modelo. Tanto que, se curtisse SUV, esse Kicks na versão SL avaliada seria uma das minhas principais opções de compra.

Leia também o meu blog Carros&Causos, no site AutoPapo

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