01/09/2008 - 0:00
Potência de 203 cv
0 a 100 km/h: 7 s
R$ 100.000 (estimado)
A marca japonesa já tem uma boa tradição na elaboração de esportivos que impressionam o mundo. O 300 ZX dos anos 90, com seu motor V-6 biturbo e o atual 350Z de 280 cv são dois bons exemplos do que a Nissan é capaz quando o assunto é carro esportivo. Nem o Sentra escapou desse processo interno de melhorar a performance de um produto consagrado junto ao consumidor normal. Em 1991, a marca japonesa surpreendeu o mundo com o Sentra SE-R: um carrinho pequeno, quadradinho, duas portas, mas equipado com um motor de 140 cv que fazia a grande maioria de “grandões” mais potentes “comer poeira”. O segredo? Pouco peso e um motor de dois litros, 16 válvulas e com dois comandos variáveis que gerava cerca de 19 kgfm de torque desde as baixas rotações e potência mais do que suficiente para permitir ao carrinho acelerar de 0 a 100 km/h ao redor dos sete segundos e superar os 210 km/h de velocidade máxima. Na época, um escândalo. O tal carrinho que iniciou essa saga de alta performance para o Sentra é reverenciado até hoje como um marco do modelo. E tem até alguns fã-clubes nos Estados Unidos que reuniam cidadãos que passaram a idolatrar o carrinho que teve a ousadia de desafiar os carrões americanos nas arrancadas, saindo-se vitorioso em diversas delas. Era uma história de “Sansão contra Golias”, que encantou o americano da época.
Claro que o carro fez fama e perdura até hoje com o mesmo nome: Sentra SE-R. Aquele carrinho miúdo e franzino deu lugar a esse sedã de linhas modernas de hoje. Mais musculoso e elegante que o discreto Sentrinha que começou a saga, o atual tem uma coisa em comum com seu “avô” do início dos anos 90: a valentia na performance. Os 140 cv do carrinho do passado estão disponíveis agora no modelo atual normal de série. Aliás, o motor 2.0 16V do modelo atual que encontramos nas concessionárias Nissan é, na realidade, uma evolução daquele coração que outrora pulsou forte sob o capô do valente SE-R de 1991. Claro que depois de passar por uma série de etapas para torná-lo mais econômico e menos poluente que aquele de 1991. Mas, na essência, é o mesmo propulsor.
Quadro de instrumento inspirado nos carros de competição, medidor de aceleração lateral, bancos esportivos e rodas 17 completam o caráter esportivo Esportivo
O atual esportivo? Esse é mais nervoso ainda. É oferecido em duas versões: o SE-R de 177 cv com câmbio CVT (mansinho…) e o endiabrado SE-R Spec V, avaliado nessa reportagem. O “marvado” tem quatro cilindros, 2,5 litros, 16V que gera bons 203 cv graças à arquitetura construtiva do motor com comandos variáveis no cabeçote que conciliam potência nas altas rotações (oferece a máxima potência aos 6.600 rpm e a marca vermelha do conta-giros indica 7.000 rpm) com um torque acentuado de 24,8 kgfm a nervosos 5.200 rpm (no acerto, os técnicos conseguiram que nos médios e baixos regimes o motor já apresente boa parte desse torque, o que torna vigorosas as arrancadas e as retomadas). Esse destacável propulsor está ligado a um câmbio manual de seis marchas de relações curtas que permite ao motor andar sempre nos regimes de maior performance. Um canhão!
Apenas uma curiosidade: com tudo isso, o atual Spec V acelera de 0 a 100 km/h na casa dos sete segundos. Como seu respeitado avô de 1991. Prova de que o “velhinho” era mesmo fera em seu tempo…
No interior, é esportividade pura: tem bancos anatômicos de couro que lembram os de competição, instrumentos extras na parte superior central do painel, até com medidor de aceleração G e instrumentos de painel que remetem às corridas. Externamente, as rodas aro 17 e os pneus de 225 mm de largura e a asa traseira sobre a tampa do porta-malas (como o de 1991) completam o toque esportivo da fera. Mas não se empolgue: segundo a Nissan, esse carro veio ao Brasil apenas para dar um passeio, não significa que será vendido aqui. Será verdade?
Externamente, o visual da versão apimentada é discreto. Na traseira, destaque para o aerofólio que também equipava o primeiro Sentra SE-R, que arrancava suspiro dos americanos em 1991
Dentro do porta-malas foi instalada uma barra que serve para melhorar a rigidez estrutural da suspensão, diminuindo a torção do monobloco. O motor 2.5 de 203 cv e 24,8 kgfm, aliado ao câmbio manual de seis marchas, garante um bom desempenho ao carro
O PRIMEIRO SE-R
Em 1991, chegou ao Brasil o primeiro Sentra SE-R. Na época, foram importadas pouquíssimas unidades do sedã quadradinho de carroceria duas portas. Hoje elas valem cerca de R$ 7 mil no mercado de usado. Seu motor era um 2.0 16V de 140 cv que levava o esportivo de zero a 100 km/h em ótimos sete segundos.