Por que você vê aqui Punto, Sandero, Polo e C3? Em abril, avaliamos os hatches de entrada, na faixa de R$ 25/35 mil. Em maio, subimos um degrau e comparamos os modelos com motor 1.4, vendidos por R$ 32/40 mil. Agora, chegamos ao nível mais alto de hatches pequenos, com C3 e Polo, e aos modelos novos – e maiores – Punto e Sandero.

Foi difícil definir os participantes deste comparativo. Escolhemos modelos com valores que começam onde os pequenos atingem seu preço mais alto: Fiesta 1.6 (R$ 38.806), Fox Route 1.6 (R$ 42.168), Corsa Premium 1.8 (R$ 44.698) e Peugeot 206 Automatic (R$ 45.091), por exemplo, estão no topo do segmento e, por isso, ficam caros – e o consumidor, corretamente, parte para modelos maiores e/ou mais luxuosos. Os quatro selecionados custam entre R$ 41.190 e R$ 56.190, conforme motorização e opcionais – preços sugeridos pelas montadoras com os equipamentos mostrados, em detalhes, na tabela das páginas adiante. Carros que competem tanto com os modelos citados quanto com versões menos equipadas dos médios Astra Advantage 2.0 (R$ 43.278), Focus 1.6 (R$ 44.934), Golf Flash 1.6 (R$ 50.255), Tiida 1.8 (R$ 52.076), Peugeot 307 1.6 (R$ 54.226) e Stilo SP 1.8 (R$ 55.298).

Decidimos pelo Punto 1.4 porque o 1.8, com motor GM, apesar de pouco mais caro, não é vantajoso – seu consumo é alto e a potência é igual às dos 1.6 de Sandero e C3 (não é à toa que a Fiat comprou a fábrica da Tritec no Paraná, ansiosa por produzir motores mais modernos assim que acabar o contrato com a GM). Os dois, da mesma forma que o Polo, vieram nas versões mais caras: no caso dos franceses, só elas, com motor 1.6 16V, oferecem airbags e ABS. No Volks e no Fiat, são vendidos em todas as versões.

O painel do Polo é requintado, com iluminação azul, e seu acabamento é superior. Ao lado, o sistema de som com bluetooth e entradas para pen drive e cartões SD

Nas fotos, o Sandero Nokia: tem celular com GPS, sistema bluetooth… mas o acabamento é mais simples, não tem volante com regulagem e o CD player, ao lado, tem cara de marca barata

DUPLAS DIFERENTES

Podemos dividir os selecionados em dois grupos. De um lado, a dupla bem conhecida Polo e C3, os “europeus”. Quase idênticos aos modelos vendidos no Velho Continente, suas principais qualidades são o acabamento, com materiais de qualidade superior, e base mecânica e plataforma modernas. Porém, o VW tem 3,92 m de comprimento e o Citroën, 3,85m, ambos com 2,46m de entreeixos – medidas de carro pequeno, que se refletem no limitado espaço interno.

Do outro lado, os “quase médios” Fiat e Renault, duas grandes novidades com vendas que vêm surpreendendo até as expectativas das montadoras. Só em abril, foram emplacados 4.452 Sandero e 4.244 Punto. Ambos têm maior comprimento – 4,02m no Sandero e um centímetro a mais no Punto – mas não chegam às medidas dos médios (o Astra tem 4,19 m). A distância entreeixos também é maior: 2,51m no Fiat e 2,59m no Renault (2,61m no Astra), o que resulta em mais espaço interno – um de seus principais atrativos. Mas, em termos de acabamento, a segunda dupla não tem o nível da primeira: usa plástico em excesso e apresenta maior nível de ruídos.

O painel do Punto é bonito, com design diferente, mas ele merecia um acabamento melhor. O som integrado ao painel, ao lado, é opcional, como em todos os modelos deste comparativo

O C3 tem interior agradável, com bom acabamento, velocímetro digital e contagiros simpático, mas não funcional. Não se engane: a disqueteira ao lado é acessório, vendido nas concessionárias

CADA UM COM SUAS QUALIDADES

Com todos eles lado a lado, o design é a primeira coisa que chama a atenção. O Polo é o mais antigo: a geração atual foi lançada aqui em 2002 e reestilizada em 2006, por isso apresenta formas mais antigas, menos ousadas. O C3, conhecido dos brasileiros desde 2003, apesar de não ter sofrido reestilizações, ainda agrada a muita gente: mesmo tendo quase a mesma idade do Polo, na época seu desenho foi “revolucionário”, então hoje ainda é atual. O Sandero acaba de ser lançado, com design bem diferente do sedã do qual deriva (Logan) e, pelo que percebemos, é do tipo “ame ou odeie” – merece o segundo lugar. Já o Punto, outra grande novidade, todos parecem adorar: com design do mestre italiano Giugiaro, leva o pódio.

Dentro deles, a vantagem se inverte. Polo e C3, como dito, têm acabamento superior, com vantagem em itens de série e opcionais para o VW. O Punto também abusa dos equipamentos, mas peca por, apesar de maior, ter pouco espaço no banco traseiro, como Polo e C3. O Sandero, com entreeixos generoso, é, sem dúvida, o mais espaçoso, mas detalhes como o CD player (com aparência e som bem inferiores aos concorrentes, assim como o acabamento interno) decepcionam – e ele também oferece menos opcionais. As versões top do extinto Clio eram mais sofisticadas.

Na ergonomia, novamente o Sandero fica para trás. Todos os quatrs têm regulagem de altura do banco, mas o Renault é o único sem regulagem de profundidade (nem de altura) do volante. Ou seja, é mais difícil para o motorista achar uma boa posição de dirigir. O Renault também leva desvantagem, junto com o C3, em relação aos comandos dos vidros elétricos, que ficam mal localizados: os dianteiros ficam no painel e os traseiros entre os bancos. No Fiat e no Volkswagen, estão nas portas – muito mais prático.

Clique para ampliar

Chega a hora de acelerar: o C3 tem a maior velocidade máxima, seguido de perto pelo Polo, enquanto o novo Sandero acelera mais rápido, pouco à frente do Citroën. O Punto, único com motor 1.4, fica 3,5 segundos atrás do primeiro colocado (veja detalhes nas fichas técnicas). E até mesmo sua versão 1.8 fica atrás dos franceses. Em compensação, quem anda menos acaba gastando menos: o Fiat tem menor consumo com álcool e quase empata com o Polo quando abastecido com gasolina – C3 e Sandero “bebem” mais. Vitória do C3, que ainda leva a vantagem de, junto com o Polo, ter motor mais silencioso. Na cabine do Punto, o ruído é bem maior, enquanto o Sandero fica no meio-termo.

Para quem gosta de tecnologia, o Sandero Nokia é a versão Privilège 1.6 16V adicionada de celular, GPS e bluetooth, por R$ 3.500 adicionais

Nenhum deles tem câmbio ruim, mas o do Volks, mais curto, se destaca pelos engates mais precisos. Punto e C3 ficam atrás: o Fiat por problemas na hora de “entrar” a segunda marcha, o Citroën pelos engates “perdidos”. O volante do C3, elétrico, é mais leve na cidade e se adequa bem a velocidades maiores, enquanto os demais, com assistência hidráulica, são mais pesados – principalmente Polo e Punto. Já no sistema de suspensão, vantagem dos últimos dois na esportividade (com maior conforto no primeiro) e para C3 e Sandero no conforto (embora com maior ruído no Renault e delicada no Citroën).

Na hora de carregar o porta-malas, vitória do Sandero, com 320 litros de capacidade. O C3, segundo colocado, leva 305 litros, e o Punto, 280. Os dois, porém, têm acesso ruim – a parte inferior da abertura, alta e estreita, dificulta o carregamento. Na lanterninha, fica o Polo, com capacidade de apenas 250 litros de bagagem.

CONCLUSÃO

Apresentados os pontos positivos e negativos dos concorrentes, a decisão é sua. A escolha final é sempre subjetiva, mas, se for para dar um palpite, nossa classificação final seria: por R$ 40 mil a R$ 47 mil, Sandero 1.6 8V, Punto ELX 1.4, Polo 1.6 e C3 GLX 1.4; acima dos R$ 47 mil, Polo Sportline, C3 1.6 Exclusive, Punto ELX 1.4 (mais equipado) e Sandero 1.6 16V (completo). Tudo isso vai depender do que você deseja: espaço, conforto, desempenho, beleza… Analise bem as versões, veja os prós e os contras de cada opção, e só então decida. Não esqueça que está bem próximo dos médios Focus, Tiida, Golf, …

Clique para ampliar

O Polo é o único com opção de ar digital. A versão Sportline tem porta-óculos no teto

No Sandero, comandos do rádio na coluna de direção (opcional) e ar com comandos simples

O Punto tem menu especial para o computador de bordo e outras funções do carro

No Sandero, display remoto do CD player e rodas diferentes, com desenho cheio de raios