13/04/2017 - 11:53
Depois de ganhar o campeonato mundial pela Lotus, em 1972, no ano seguinte me desentendi com Colin Chapman, o chefe da equipe inglesa. Comecei a me preparar para pilotar em outro time. O fator fundamental para a escolha sempre foi a qualidade dos engenheiros e mecânicos. Nada importava mais do que isso. Mesmo considerando seriamente a Brabham e a Tyrrell, a razão para finalmente eu escolher a McLaren foi o fato de a equipe ser tão bem organizada, altamente motivada e muito disciplinada. Sem estrelismo. O pessoal sempre queria ajudar um ao outro e isso era muito evidente.
Quando cheguei à McLaren, no começo de 1974, logo comecei uma relação de colaboração com pessoas fundamentais: Teddy Mayer (diretor), Gordon Coppuck (chefe de design), Alastair Caldwell (gerente da equipe) e Phil Kerr (diretor comercial). Mas todos os mecânicos eram grandes caras também, e a atmosfera naquela pequena fábrica em Colnbrook, em Berkshire, na Inglaterra, para onde a equipe se mudou depois da morte de Bruce McLaren, em 1970, era sempre cheio de trabalho, esforço, entusiasmo e bom humor.
A gente se deu muito bem junto e – como foi o caso na Lotus – consegui muito sucesso na McLaren, ganhando cinco GPs em dois anos, mais o campeonato de pilotos e de construtores em 1974. Foi o primeiro grande triunfo da equipe na Fórmula 1.
Eu nunca teria conseguido todo esse sucesso se não trabalhasse tão unido com esse grande grupo de pessoas. Acredite, esse tipo de intimidade no trabalho continua hoje tão importante quanto era nos anos 1970, apesar de todos os recursos eletrônicos hi-tech, que ajudam engenheiros e mecânicos a entender como os carros de competição estão se comportando na pista. Claro, todos estes sistemas ultrassofisticados atualmente são fundamentais. Mesmo assim, um piloto consciente continua trabalhando até tarde da noite com seus engenheiros e mecânicos, em um esforço para conseguir um ótimo acerto de chassi e suspensão para correr no dia seguinte.
Em consequência, ele ganha o respeito desses incansáveis trabalhadores. Como resultado, eles ganham mais corridas. Como eu já disse, por melhor que seja o piloto, seu coração e alma são os engenheiros e mecânicos. Por isso, quando vocês virem um ótimo piloto voando com seu carro por um circuito cheio de curvas, pensem um momento nos engenheiros e mecânicos que trabalharam 18 horas ou mais naquele carro. E por muitos dias, sob enorme pressão, às vezes sem ter tempo para tomar uma simples cerveja antes de dormir.