A chinesa BYD está criando raízes aqui em nosso país. Acaba de inaugurar em Camaçari, na Bahia, sua nova fábrica, onde passará a produzir veículos elétricos e híbridos com ineditismo de ostentarem a sigla “Made in Brazil”.  

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Fábrica da BYD em Camaçari (BA) – Foto: Divulgação/BYD

A marca chinesa pegou uma molezinha: utilizou as instalações na qual a Ford já produzia no passado e, a partir dessas instalações já existentes, adaptou-as para seus produtos. Bem mais fácil do que fez a Fiat há 49 anos, quando, em 9 de julho de 1976, inaugurou sua fábrica em Betim (MG), partindo absolutamente do zero. Tudo foi erguido do zero em tempo recorde: cerca de três anos. 

Fábrica da Fiat em Betim (MG) – Foto: Fiat/divulgação

Realmente, a Fiat recebeu do governo de Minas Gerais apenas o terreno. Nele, precisou fazer desde a terraplanagem até as instalações hidráulicas e elétricas para suprir a demanda de uma fábrica com pretensões de produzir até 800 carros por dia.  

Executivos na inauguração da fábrica da Fiat, em 1976 – Foto: Fiat/divulgação

A semelhança entre a fábrica da BYD e a da Fiat é que os italianos tinham, na época, o ineditismo de produzir um carro completamente diferente de tudo aquilo que era oferecido ao consumidor brasileiro na época. Modelos com as características do Fiat 147 1976, antes da fábrica, só eram encontrados como importados, assim como acontece com os Dolphin Mini e Song Pro, primeiros BYD com pretensão nacional.  

Linha de produção Fiat 147 – Foto: Fiat/divulgação

Na época, há quase 50 anos, os italianos tinham a pretensão de produzir um novo carro, compacto, econômico, de baixo custo de manutenção, com alta tecnologia e que acomodasse bem uma família brasileira de casal e dois filhos. 

Linha de produção Fiat 147 – Foto: Fiat/divulgação

O 147 era baseado no sucesso europeu da marca, o 127, de 1971. No 147, uma carroceria mais reforçada e suspensão traseira mais robusta e inédita, no esquema independente com um feixe de molas transversal. Providências que transformavam o sucesso europeu do 127 em um verdadeiro guerreiro brasileiro 147. Um carro adequado as nossas ruas e estradas e pronto para percorrer nossas grandes distâncias continentais. 

Linha de produção Fiat 147 – Foto: Fiat/divulgação

Uma curiosidade do nosso 147 diz respeito a capacidade cúbica do motor. Por que 1050, e não 1000 ou 1100? Os motivos não eram de ordem técnica e sim tributárias. Naquele período, acreditem, um carro que possuísse motor de até 1 litro pagava mais impostos do que outro que fosse acima de 1 litro, até 1,6 litro ou 1600 cilindradas. Um absurdo, mas essa tributação já vinha lá do final dos anos 50 e início dos anos 60.  

Linha de produção Fiat 147 – Foto: Fiat/divulgação

Por isso, o modelo 127 italiano que tinha um motor de 900 cm³ ou 0.9 litro teve sua capacidade cúbica aumentada para 1050 cm³ ou 1.05 litro, para que o novo modelo não chegasse ao nosso mercado pagando mais impostos do que os seus concorrentes. Essa deformidade tributária só foi corrigida nos anos 90, quando, aí sim, motores de até 1 litro passaram a pagar menos impostos do que motores maiores, que consomem e poluem mais.  

Fiat 147 1976 – Foto: Fiat/divulgação

Além disso, nosso 147 inovou na disposição transversal do conjunto motor/câmbio. Essa solução, permitia um carro mais compacto e aproveitamento mais racional do espeço interno. Foi o primeiro carro nacional com tal característica. Como o projeto do 147 era bem racional, o espaço interno para motorista e passageiros era bem aproveitado, e, como não havia túnel central para passagem de eixo cardã (sua tração era dianteira), a vida a bordo tornava-se bem mais confortável.  

Fiat 147 1976 – Foto: Fiat/divulgação

Mas o saudoso Fiat 147 tinha seu calcanhar de Aquiles. O problema era focado em seu câmbio, muito frágil e que sentia muito a utilização mais intensa. Nos engates, ao invés do “H” tradicional, a passagem da segunda para a terceira marcha era praticamente uma linha reta. A uma primeira vista, isso poderia parecer uma vantagem, mas, na prática, a imprecisão dos engates e o tempo de vida útil da caixa faziam com que os proprietários do pequeno Fiat precisassem fazer reparos na transmissão e revisão do trambulador a cada 30 mil km.  

Fiat 147 1976 – Foto: Fiat/divulgação

Esse fato se transformou em uma verdadeira dor de cabeça para os donos do 147 na época. Além disso, a alavanca mexia sempre que o motor tracionava ou desacelerava, tornando os engates ainda mais imprecisos no seu pequeno câmbio de 4 marchas. Esse foi um problema sério, que maculou a imagem do tecnológico Fiat que inaugurou a fábrica de Betim.  

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Hoje, a fábrica inaugurada em 9/07/1976 transformou-se em um grande complexo industrial. A Fiat do Brasil produz mais carros lá do que na sua matriz italiana. Os chineses da BYD esperam um sucesso tão grande quanto para sua fábrica de Camaçari, e torcem para que ela dure os mesmos 50 anos. O futuro à Deus pertence, e quem viver, verá…