A partir de 1 de agosto de 2025, uma nova composição da gasolina brasileira passou a ser vendida aos consumidores. Anteriormente, a gasolina distribuída pelo país era uma mistura de gasolina pura derivada do petróleo com 27% de álcool anidro, aquele que não possui água na sua composição. Por isso não tínhamos, na verdade, a venda de gasolina, mas sim de um combustível derivado da mistura dela com o álcool. Agora, a situação se agravou: temos 30% de etanol e 70% de gasolina na mistura.  

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Fiscalização de postos revendedores de combustíveis em Brasília – Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Como é a nova gasolina?

Pensando como consumidor, a cada 100 litros da chamada “nova gasolina”, pagaremos 30 litros de etanol, só que pelo preço do combustível fóssil. O leitor já deve ter intuído: essa nova mistura deveria ter um preço mais baixo, afinal o etanol é mais barato. O governo diz que, de fato, isso vai acontecer. Veremos. Para mim, habituado a abastecer sempre no mesmo posto, ainda não vi nenhuma redução, ao contrário do que o governo havia prometido. 

Posto de combustível
Posto de combustível – Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mas, é o motor do carro, como fica? Se ele for flex, não vai fazer a mínima diferença e o máximo que acontece é um ligeiro, ligeiro mesmo, aumento no consumo de combustível: teremos uma gasolina com mais álcool, e o consumo tende a subir. Ainda nos flex, pode haver uma pequena melhora no desempenho. Com relação aos desgastes das peças, todo o sistema de alimentação foi projetado para suportar a maior acidez do álcool combustível. Mais uma vez, aqui falo só dos carros flex. 

Só para você saber, o consumo maior do etanol é decorrente do seu menor poder calorífico: são cerca de 6.400 kcal/kg, frente a aproximadamente 10.500 kcal/kg da gasolina. Por isso, inclusive, que o etanol custa menos: energeticamente falando, ele é mais pobre que o combustível derivado do petróleo. Pode se dizer, também, que o etanol tem cerca de 60% da energia da gasolina, considerando-se a massa de 1 quilo de cada um dos combustíveis. 

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Abastecendo com etanol – Foto: Freepik

Mas, claro, o álcool tem muitas outras qualidades superiores ao da gasolina. O primeiro deles é apresentar uma característica antidetonante bem superior, fato que permite aos motores trabalharem com uma taxa de compressão bem mais alta (isso faz bem ao desempenho e consumo). Um outro fator positivo do etanol é o de poluir muito menos o meio ambiente: a emissão de CO2 é bem mais baixa, fato que o meio ambiente agradece.

Para os motores, o etanol contamina muito menos o óleo lubrificante, aumentando sua longevidade e, além disso, com o tempo, ele não suja as câmaras de combustão. Também não contamina o coletor de admissão, de uma maneira geral aumentando a vida útil do motor.  

Dutos de lubrificação no motor – Foto: reprodução/Portal Lubes

Por tudo que foi exposto, fica fácil entender que a adição de mais 3% de álcool anidro na composição de nossa gasolina vai afetar única e exclusivamente o nosso bolso. Problemas técnicos, apenas nos carros mais antigos, alimentados por carburadores, ou então os importados que não foram previstos para queimar 30% de etanol junto da gasolina. Para esses casos, a recomendação é a de utilização das gasolinas mais caras, batizadas de “premium”, como a Podium da Petrobrás, por exemplo. Elas conservam os 25% de etanol nas suas composições. É preciso ficar esperto, e no aguardo da tal redução de preços… 

Pistola de gasolina em posto de combustíveis
Pistola de combustível em posto de combustíveis, em Brasília 07/03/2022 – Crédito: REUTERS/Adriano Machado