Com um novo design e uma política de preços agressiva, a Ranger reestilizada chega para retomar as posições no ranking de vendas que foi perdendo nesses últimos anos, muito por conta de seu design antigo, semelhante ao do modelo vendido aqui desde 1995, que já cansara o consumidor. “Venderemos a Ranger ao preço que a Chevrolet vende a S10, exatamente o mesmo preço”, afirmou Wilson Vasconcelos, gerente de marketing de picapes da Ford. Segundo ele, o grande diferencial a favor da Ranger ficará por conta do pacote de equipamentos. A Ford oferecerá mais pelo mesmo preço. Essa é a estratégia. Infelizmente, a versão flex do motor 2.3 16V ficou para depois. Esse deverá ser o “calcanhar de aquiles” da nova Ranger, principalmente em sua versão de entrada, quando o novo modelo deverá travar uma briga mais acirrada com a S10.

Faróis, grade, para-choques, capô, para-lamas e portas foram refeitos em suas linhas e dimensões

Do ponto de vista estratégico, é importante para a Ford que a Ranger reestilizada melhore seus volumes de venda e prepare o terreno para a chegada da nova Ranger; nesse caso, um modelo totalmente novo, já vendido no Oriente e apresentado ao mercado europeu no Salão de Genebra deste ano. Apesar do tempo relativamente curto entre o lançamento da reestilizada e o da nova versão, esse período deverá ser turbulento e nada fácil para a Ranger. Grandes alterações no mercado são esperadas: a nova S10, que deverá chegar aqui no segundo semestre de 2011 e a picape Amarok da Volkswagen, esperada para o primeiro semestre de 2010 e que marcará a entrada da montadora nesse importante segmento do mercado americano, tanto o latino quanto do norte. A força de sua rede deverá ser fundamental para o sucesso da Amarok. E a Ranger deverá vencer todos esses obstáculos para crescer no mercado nacional.

Externamente, a lataria, lanternas e faróis foram totalmente refeitos em suas linhas e dimensões, aproveitou-se do antigo modelo apenas o teto, a tampa da caçamba e o para-choque traseiro. O restante (portas, laterais, estribos, capô, para-lamas, para-choque dianteiro, lanternas, faróis e grade) foi refeito e transformou-se em um conjunto bem mais moderno e atraente. No contorno dos paralamas, que na versão anterior possuía uma guarnição plástica aplicada à peça, agora essa guarnição, estampada em chapa de aço, faz parte dos paralamas. Dimensionalmente e em suas linhas básicas, a Ranger está igual à versão anterior, ainda muito “quadradona” e carente de personalidade, como na junção da cabine com a caçamba ou ainda no retângulo das portas traseiras.

Esse é o preço que se paga nas reestilizações: deixa-se o modelo com um aspecto jovial mas que não consegue esconder a idade do projeto. Internamente, o design preocupou-se com as guarnições das portas, forrações dos bancos, novo volante de direção e desenho do painel de instrumentos. Espaço? Exatamente o mesmo da Ranger anterior, bom para quem vai na frente e razoável para quem senta no banco traseiro. Mecanicamente, nenhuma alteração.

Apesar de ter deixado o carro mais atual, a reestilização não conseguiu esconder a idade do projeto original

Tivemos a oportunidade de avaliar a nova versão em uma pista de simulação de off-road na cidade paulista de Itu, onde a Ranger, como sempre, saiu-se muito bem nas utilizações difíceis de piso, subindo rampas íngremes com pouca aderência, trafegando por terrenos com alto grau de desnível, descendo rampas acentuadas ou passando por trechos de lamaçais em que a opção pela tração nas quatro rodas ou tração completa com reduzida fizeram toda a diferença para transpor essas dificuldades.

Optamos pela versão XLT, intermediária (a que mais vende na gama), cabine dupla (a Ford não apresentou a cabine simples que deve ser mostrada em dois meses), motor turbodiesel eletrônico de três litros com 163 cv, com som com entrada USB e para iPod, computador de bordo, ar-condicionado, direção hidráulica. Um carro completo que atende muito bem às necessidades de quem busca uma picape para utilização em terrenos ruins mas que também trafega por estradas asfaltadas. Nessas condições, aliás, seu comportamento dinâmico foi irrepreensível: estável e com bom controle direcional, ela chega a surpreender pela segurança que passa a quem dirige e pela ótima performance de seu motor turbodiesel, conciliando economia e desempenho. Ao preço de S10, a Ranger agora está de volta ao páreo, de onde, aliás, nunca deveria ter saído.

Internamente, são novos os instrumentos do painel, os revestimentos, as guarnições de portas e o volante. Pacote de itens de série é seu diferencial

A picape continua com opções 4×2 e 4×4, mas a cabine simples chega daqui a dois meses. Dentro do porta-luvas, as entradas USB e para iPod