01/06/2010 - 0:00
A Saveiro já foi um nome forte – e muito forte – para a Volkswagen. Nas décadas de 80 e 90, ela tinha ampla vantagem sobre as rivais, e liderava com tranquilidade o segmento de picapes pequenas. Mas a Strada com cabine estendida (uma grande novidade na época) chegou em 1999, fazendo a Saveiro perder a liderança, e desde então suas vendas só caíram. Hoje, 60% das vendas da Strada são da versão estendida, e a Fiat domina o segmento com folga (com cerca de 55% do mercado, enquanto Saveiro e Montana têm cerca de 20% cada uma).
Agora, dez anos depois, a Saveiro chega com a opção de cabine estendida para tentar virar o jogo: são 300 litros de capacidade atrás do banco, quase um porta-malas de um hatch médio. Ironicamente, logo após a Fiat inovar mais uma vez com a Strada cabine dupla. Mas a Saveiro não ganhou apenas uma cabine maior: é um modelo totalmente novo, com o econômico motor transversal 1.6 do Gol e do Voyage, o EA 111 VHT (que recentemente ganhou nova calibragem, com melhor torque em baixas rotações) e transmissão MQ 200 (com primeira e segunda marchas encurtadas em comparação ao resto da família Gol).
Botão que acende a iluminação da caçamba. Espaço traseiro com porta-objetos. Um selo avisa que é proibido o transporte de pessoas
Para esta primeira avaliação, aceleramos a top de linha, chamada Trooper, com cabine estendida. Mas a cabine simples continua sendo oferecida, claro, e há versões mais baratas, começando pela 1.6 básica, passando pelo pacote Trend, até chegar nesta Trooper. A marca ainda não divulgou os preços, mas devem ficar alinhados aos da concorrência (leia-se, Fiat Strada).
Os itens de série são escassos. Na básica, destaque apenas para regulagem de altura do banco do motorista. Com o pacote Trend, ganha contagiros, faróis com refletor duplo, grade na janela traseira, santantônio, tecido nas portas e retrovisores e maçanetas na cor do carro. Na Trooper, de relevante, somam-se rodas aro 15, faróis de neblina, brake-light com iluminação da caçamba, direção hidráulica e computador de bordo. Itens como regulagem de altura e profundidade do volante, ar, trio elétrico, preparação para som e capota marítima são opcionais (mesmo na versão mais cara), assim como CD player, airbags, ABS e sensor de estacionamento. No interior, ela é quase igual ao Gol (com exceção de alguns detalhes, como um botão no painel que acende a iluminação da caçamba). Acabamento e posição de dirigir são agradáveis.
Apoio de pé, que facilita o acesso à caçamba, e o acesso ao estepe, que exige o uso da chave para baixar a tampa da caçamba. Espaço da caçamba, pouco invadida pelas caixas de roda: uma vantagem da suspensão
Em relação ao modelo anterior, ela está mais longa e com entre-eixos maior, além de ter uma posição de dirigir mais alta.
Na caçamba, a marca conseguiu ganhar espaço, principalmente entre as caixas de roda, ao usar uma nova suspensão, interdependente, com um eixo totalmente novo, que vem da família Golf, mas usa molas da Caravelle (uma van não disponível no Brasil) e batentes do Passat. Além disso, o estepe foi para baixo da caçamba (e é retirado facilmente por um parafuso só acessível quando se abre a tampa traseira, protegida por chave). Já a suspensão dianteira é idêntica à do Gol e Voyage, que, por sua vez, vêm da plataforma PQ25, do novo Polo Europeu.
O resultado do uso dessa plataforma é muito bom: em dirigibilidade, a consegue passar por um carro de passeio (e tem um ótimo coeficiente aerodinâmico de 0,346). Contorna curvas com segurança, sem inclinar demais, e com uma tendência levíssima ao substerço. No autódromo no qual realizamos o testdrive, deu para abusar da velocidade sem surpresas negativas.
*dados estimados
Mas não queira se aventurar na terra: a Volks se esforçou para fazer uma picape boa para o asfalto. Afinal, é onde roda a maioria dos proprietários. Enquanto não tiver opção mais alta e com pneus mistos, ainda perderá para a Fiat na terra. De qualquer forma, a tranquila vida da Strada agora vai ficar mais difícil.