Em Interlagos, o modelo mostrou características esportivas, que devem comprometer o conforto na terra

O novo BMW chega como o menor integrante da família X da marca. O crossover com tração integral se junta aos já conhecidos X3, X5 e X6. O termo crossover surgiu para designar utilitários esportivos (SUVs) que, em vez de construídos sobre chassi, usam monobloco, como veículos de passeio. Hoje, o termo se expandiu, e passou a servir para qualquer veículo que “misture conceitos”, juntando qualidades de segmentos diferentes.

Mas crossovers não são “ideais para todas as situações”, como afirma a BMW sobre o X1. Eles podem, sim, enfrentar (quase) todas as situações, mas são apenas isso: capazes. O esportivo ideal ainda é um esportivo puro, o fora de estrada ideal ainda é um jipe, o familiar ideal ainda é uma minivan ou uma perua. Está aí a pretensão do X1: ele não se limita a querer ser capaz de tudo – a marca quer vendê-lo, por R$ 174.900, como uma solução perfeita para qualquer situação (claro, fazendo seu papel e dentro de seu direito). Só que isso ele não é.

O desempenho, como pude comprovar no Autódromo de Interlagos, é de fato o de um esportivo: o motor seis cilindros aspirado de três litros desta versão xDrive 28i gera 258 cv e quase 32 kgfm de torque, fazendo o X1 acelerar e retomar bem, ajudado pelo bom câmbio automático com borboletas no volante (uma versão com tração traseira e motor quatro cilindros 2.0 de 150 cv chega em maio, por cerca de R$ 125 mil). Ainda assim, por quase o mesmo preço deste X1 top, e ficando na mesma marca, o 130i é mais potente e, o mais importante, tem um comportamento dinâmico superior. Não que o X1 seja ruim. Com suspensão independente de cinco braços na traseira, a estabilidade surpreende, mas o controle de estabilidade age mais frequentemente do que em um modelo mais esportivo, limitando parte da diversão.

O interior é simples, mas oferece conforto. Os bancos garantem bom apoio para o corpo nas curvas

A tração integral e a boa altura livre do solo vão ajudar a superar obstáculos e certos lamaçais no caminho do sítio. Mas as suspensões com características esportivas devem fazer os ocupantes ficar bastante incomodados – algo que não pude avaliar no liso asfalto de Interlagos. Ainda assim, até abaixo dos R$ 100 mil, há uma série de carros mais aptos ao off-road, se esse é seu objetivo. Já o interior foi carregado de portaobjetos para mais versatilidade. Apesar disso, como ele é baseado no Série 1, o espaço interno não pode ser considerado generoso, apenas suficiente (o porta-malas tem bons 420 litros, mas o espaço é confortável apenas para dois no banco traseiro). Luxo no interior também não falta – e nem poderia, pela etiqueta e pelo preço.

Os rivais do X1, no futuro, serão o Audi Q3 e o Mercedes BLK, projetos ainda em andamento. Hoje, no Brasil, por esse preço dá para comprar um Volvo XC 60 (maior, por R$ 153 mil) ou XC 90 (bem maior, a partir de R$ 178 mil). Mas o mais semelhante em porte, versatilidade e desempenho é o VW Tiguan. Faz tudo que o X1 faz, com um pouco menos de luxo por R$ 99.990 (preço promocional). Saiba mais na página seguinte.

Acima, o comando do sistema iDrive, que controla as funções do carro e o conjunto de roda 18″ com pneus 255/40

O rival

Abrindo mão da grife, você economiza quase R$ 75 mil.

O design do X1 atrai. Mas o que atrai ainda mais é a marca na grade dianteira, puro status. É o que busca boa parte de seus consumidores, e as boas vendas do (fraco) 118i, por cerca de R$ 96 mil, são prova disso. Paga-se mais pela etiqueta do que pelo produto em si.

E é aí que entra o VW Tiguan. O motor – 2.0 turbo com 200 cv – é da Audi, marca que acaba de superar a BMW e a Mercedes na Europa. Nos dados de desempenho, o Volks leva apenas 1,1 segundo a mais para atingir os 100 km/h e tem máxima 5 km/h superior (o BMW tem um pacote opcional que aumenta a máxima para 230 km/h). Em consumo, o X1 também é pior: 7,7 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada, contra 8,6 km/l e 14,3 km/l do Tiguan (considerando os dados da Europa, como os divulgados pela BMW).

Apesar de um pouco menos luxuoso, o Volkswagen oferece quase o mesmo que o X1 em desempenho. Ainda é mais econômico e melhor no off-road

Além de o Tiguan fazer quase tudo que o X1 faz, ainda estaciona sozinho (item opcional). Tem, inclusive, algumas características superiores às do BMW, como o câmbio manual automatizado de dupla embreagem, rapidíssimo – responsável por retomadas, em algumas situações, até mais rápidas – uma curva de torque mais plana e maior capacidade para aventuras fora-de-estrada.