Eu confesso: adoro uma novidade visual nos carros. Sabe aquele acessório que não é particularmente útil, não melhora em nada o desempenho geral do veículo nem transforma a vida do motorista? Tendo a gostar. Sim, sou culpado, eu sei.

É por isso que, quando surgiu a oportunidade de passar um dia com o novo DS 3 (que perdeu o sobrenome Citroën), não me fiz de rogado. Eu PRECISAVA ver de perto os novos faróis de led bixenônio, com luzes de seta que gradualmente “crescem” do interior para o exterior do carro. Confira aqui o efeito. Também tinha que conhecer as novas lanternas traseiras, que criam belo padrão 3D e tornam o DS 3 inconfundível à noite.

“Poxa, esse cara realmente gosta do DS 3”, você deve estar pensando. Pois é: gosto. Tanto que sou dono de um Citroën DS3 2013, comprado usado há pouco mais de um ano. E o que há para não gostar nesse carro? Pequeno, bonito, muito ágil, com uma suspensão que – milagre dos milagres – aguenta bem nossas maltratadas ruas. Um legítimo hot hatch complementado por todos os requisitos de segurança de um projeto moderno (seis airbags, freios com ABS e EBD, controles de tração e estabilidade), além de um bom pacote de conforto, com ar-condicionado eletrônico, faróis automáticos e sensor de chuva, entre outros.

Isso tudo se mantém no novo DS 3, o que é ótima notícia. O motor 1.6 turbo a gasolina com 165 cv de potência e torque de 24,5 kgfm (ou 26,5 kgfm com o overboost acionado) e a transmissão manual de seis marchas formam um conjunto que instiga a acelerar. É difícil, no começo, não ficar meio besta, esticando as rotações em cada saída de farol ou fazendo reduções constantes para ultrapassar alguém (ele acelera de 0-100 km/h em 7,3 segundos). Você será perdoado se também fizer isso. Também será redimido se, como eu, achar que a direção elétrica poderia ser um pouquinho mais justa, mais responsiva, como no Mini Cooper S, que compartilha muito do conjunto mecânico do DS 3.

Pois bem: já estabelecemos que o que era bom no Citroën DS3 “antigo” continua bom no DS 3 pós-facelift. E as novidades? Visualmente – e aí caímos na questão de gosto -, acho os novos conjuntos óticos fantásticos. Deram uma bela levantada no moral do pequeno francês e o separaram de vez do “primo pobre” C3. Os faróis bixenônio também aumentam consideravelmente a área iluminada à frente do veículo. E as setas cheias de frescuras chamam muita atenção em todo lugar (como se não bastasse um carro amarelo todo adesivado para isso).

Internamente, muito pouco muda. A iluminação do mostrador de combustível e do display do ar-condicionado, laranja no modelo anterior, agora é branca. O DS 3 também ganhou um conjunto com tela multimídia, para controlar rádio, telefone celular e navegador por GPS, entre outras funções. Esse, no entanto, é o lado decepcionante do novo modelo. O sistema, sem touchscreen, é incrivelmente complicado de operar, nada intuitivo. Fazê-lo no meio do trânsito, então, é quase impossível.

E aí chegamos à questão principal: vale a pena gastar mais de R$ 82.490 no novo DS 3? Não vou negar: o carro é sexy, anda muito, gasta pouco (minha média combinada fica acima de 10 km/l) e, ouso dizer, é bastante prático. O problema é a desvalorização. Você gasta mais de 80 paus num DS 3 zero quilômetro e, daqui a pouco mais de um ano, ele vale R$ 20 mil a menos. É uma maneira bem divertida de perder dinheiro, claro.

Ou você pode esperar um pouco e comprar um usado, pouco rodado, com muita garantia ainda pela frente. Qual vai ser?

Lucas Bessel é jornalista, editor de ISTOÉ Online e da revista ISTOÉ 2016 / Fotos Roberto Assunção