O novo presidente da FCA para a América Latina, Antonio Filosa, é um engenheiro italiano nascido em Nápoles que tem os pés no chão, mas nem por isso esconde seu otimismo. Respaldado pela recuperação da economia brasileira e pelo ótimo desempenho da Fiat Chrysler Automobiles em abril, ele disse hoje em São Paulo, em seu primeiro encontro com jornalistas do setor automotivo, que a empresa terminará este ano na liderança, recuperando a posição que perdeu para a GM em 2017. Filosa foi além: revelou que a partir de 2019 a montadora passará a ter um foco maior na Fiat, que poderá voltar à liderança de marcas no mercado brasileiro em 2020.

Antonio Filosa: aos 44 anos, o engenheiro de Nápoles tem grandes planos para a Fiat. (Foto: S. Quintanilha)

Atualmente, a Fiat ocupa apenas a terceira posição no ranking de veículos leves, com 13,4% de participação, atrás da Chevrolet (16,1%) e da Volkswagen (14,4%). O engenheiro napolitano de 44 anos, que passou os últimos dois anos como presidente da FCA argentina e os dez anteriores em várias posições na Fiat e na FCA no Brasil, substituiu o alemão Stefan Ketter. Ele disse que o foco de sua gestão será a regionalização, para que a FCA “seja realmente latino-americana”. Em abril, a FCA conseguiu a liderança no mercado brasileiro, vendendo 37,3 mil veículos e apresentando um crescimento de 15% em relação às vendas dos primeiros quatro meses de 2017. Na América Latina, porém, os objetivos são mais modestos.

Novos projetos para a Fiat

Se nos últimos quatro anos o foco da FCA foi dividido entre a Fiat e a Jeep – principalmente com os lançamentos dos SUVs Renegade e Compass –, a partir de 2019 a Fiat receberá as maiores atenções da empresa, no que diz respeito ao mercado brasileiro. Para além de consolidar a liderança das picapes Strada e Toro, especialmente devido ao recorde da safra de grãos, Filosa pretende dotar a Fiat de novos modelos. Uma Toro com maior capacidade de caçamba (talvez com cabine simples) está sendo considerada e também um SUV crossover baseado no Argo. Ainda no segmento de picapes, a FCA deve estrear a picape grande RAM 1500 (menor que a atual 2500 importada), mas sua fabricação no Brasil ainda não foi considerada. Se for fabricada, talvez seja na Argentina.

Filosa acredita que o mercado brasileiro chegará a 2,4 milhões de veículos leves este ano e que passará dos 3 milhões em 2022. Por isso, a Fiat volta a ser importante, pois o segmento de SUVs está muito bem coberto com a dupla Renegade/Compass, da Jeep. “A partir de 2019 teremos um plano de desenvolvimento da marca Fiat, entrando em segmentos que a Fiat não está”, afirmou.

Liderança de resultados para a FCA

Para Antonio Filosa, mais importante do que ser líder em vendas é ser líder em rentabilidade. Dentro de seu projeto de regionalização da gestão, ele prevê a FCA em primeiro lugar no Brasil ainda este ano, a colocação entre as quatro maiores montadoras da Argentina e uma participação maior no restante da América Latina, passando dos 2,5% obtidos no ano passado para os 3,1% conseguidos em abril.

Outras marcas da FCA poderão aparecer no mercado brasileiro a médio prazo, como a RAM e a Alfa Romeo, com essa última ocupando um nicho de carros importados. Não existem planos de expansão para as marcas Chrysler e Dodge. Mas a que mais encanta o novo presidente é mesmo a Fiat. “Nós tínhamos a opção de ser monobrand, alguns anos atrás. Depois, nossa estratégia mudou para multibrand, objetivando a liderança de resultados. Com a marca Jeep, ficamos mais fortes na área que mais cresce, a de SUVs. Teremos outras possibilidades de brand para o futuro. E enxergo 2020 como um ano em que poderemos ser fortíssimos com a Fiat.”

No dia 1º de junho, a FCA anunciará globalmente seus planos de investimento – e a América Latina terá grande destaque. Segundo Filosa, “se o programa Rota 2030 for confirmado, vai confirmar o nosso plano; se não for, a ideia do plano será confirmada, mas o timing dependerá do Rota 2030”.

João Ciaco (diretor de marketing) e Antonio Filosa na conversa com os jornalistas. (Foto: S. Quintanilha)