Com o aquecimento global e as cidades com sérios problemas de poluição e congestionamento, os automóveis se tornaram os grandes vilões na luta para salvar o planeta: espaçosos, pouco eficientes e poluidores. Não por acaso, o último Salão de Frankfurt teve como palavras de ordem eficiência energética e combustíveis alternativos.

E não se trata de uma onda que vai passar. O problema tende a se agravar, e as montadoras correm atrás de soluções – não porque sejam boazinhas, mas porque o mercado começa a exigir opções.

Não só ele, mas os governos também, com normas de emissões de poluentes cada vez mais rigorosas.

Apesar de ser pouco menor que um Freelander, o conceito guarda sofisticações do luxuoso Range Rover, como a central multimídia e um sistema de som de ponta que conta até mesmo com caixas sem fio. No console, há um lugar para encaixar um iPhone ou um iPod

Agora, as grandes marcas adotam a “sustentabilidade” como mercadoria, uma medida hipócrita se considerarmos que ainda mantém em suas linhas veículos que gastam e poluem muito. “Estamos determinados a tornar a sustentabilidade um elemento-chave no design de produto e no modelo de negócio”, entrega Phil Popham, diretor- geral da Land Rover.

MOTOR SHOW foi a Londres (Inglaterra) conhecer o LRX Concept, o principal destaque da montadora no Salão de Detroit. A bordo de um beberrão Range Rover Vogue, o motorista que nos levava para o hotel fez seu protesto: “As pessoas hoje querem carros que façam 100 km/l, eu quero um que gaste 100 litros para rodar um km.”

Mas o novo conceito da marca inglesa segue à risca a cartilha do “ambientalmente correto”. Para reduzir o peso e o consumo, as janelas laterais e o teto de vidro são feitos em policarbonato, material 40% mais leve que o vidro. O couro do interior, com tinta vegetal, é mais fácil de ser reciclado, e o tecido que forra teto e portas é 100% produzido com garrafas plásticas (PET) recicladas.

Quanto ao motor, a marca não revelou detalhes, mas o espaço livre abaixo do porta-malas indica que ali podem ser adaptadas células de hidrogênio ou baterias elétricas – para infelicidade do motorista inglês que nos conduziu na cidade.

Apesar de a marca não disponibilizar mais informações sobre a motorização do crossover, é certo que será movido por energia alternativa. Para reduzir o peso, policarbonato no lugar do vidro

Mas isso só saberemos mesmo quando a marca decidir produzir o carro. Se confirmada, a fabricação começa em três anos no máximo. Talvez leve até menos tempo.

O LRX Concept usa a mesma plataforma do Freelander. “Mas não significa que será produzido nela”, diz um engenheiro da montadora (mas, pelo porte, dá para apostar que sim). Será o menor carro da marca, mas não o mais barato. As pitadas do sofisticado Range Rover não estão só no design. O sistema de som Harman-Kardon tem caixas de som traseiras sem fio, que podem ser levadas para fora do carro. Ainda no moderno painel, um lugar para encaixar seu iPod ou iPhone e integrá- lo ao sistema de som do LRX. É que, ainda hoje, conforto continua vendendo mais que ecologia.