01/12/2007 - 0:00
Há anos o mundo aguarda uma picape Volkswagen. No ano que vem, a espera pode acabar: vinda das linhas de montagem da Argentina, ela finalmente deve chegar ao Brasil para conquistar um mercado nunca antes explorado pela montadora. As páginas que você vê acima, em miniatura, são da MOTOR SHOW de maio de 2002. O “segredo mundial” que anunciamos há mais de cinco anos agora tem data para, finalmente, chegar ao Brasil – e depois seguir para outros mercados. No final do ano que vem, a aguardada picape da VW deve começar a ser vendida aqui.
Nas simulações, a versão de cabine dupla. Para conquistar mercado, a VW deve vendê-la também com cabine simples
A primeira confirmação veio em abril deste ano, quando o presidente mundial da divisão de veículos comerciais da Volkswagen, Stephan Schaller – em visita ao Brasil para o lançamento de uma caravana de promoção dos chassis da marca –, afirmou ao jornal Estado de Minas que uma picape média seria produzida em Pacheco, na Argentina.
Em julho, outra fonte falou sobre o projeto, desta vez, ao site argentino Punto a Punto: “Seremos fornecedores de molas de suspensão para o projeto RPU da Volkswagen”, informou Raúl Ghirardotti, gerente da Allevard Rejna, importante fornecedor argentino para diversas marcas de veículos.
Na MOTOR SHOW de maio de 2002 já adiantávamos a chegada da nova picape Volks. A notícia agora foi confirmada pelo presidente mundial da montadora
Mas a principal – e mais recente – confirmação veio do presidente mundial da VW, Michael Winterkorn, no Salão de Frankfurt, onde MOTOR SHOW esteve no mês passado. Winterkorn confirmou ao jornal inglês Financial Times que a marca terá uma picape média e que ela “será destinada, em primeiro lugar, aos mercados emergentes”. Em seguida, citou os alvos, entre eles a América Latina. “Queremos alcançar a Toyota”, disse o todo-poderoso da Volks. Ele se referia a uma desvantagem de 3,2 milhões de veículos entre as vendas de sua montadora (5,8 milhões em 2006) e as da atual líder mundial, que já atingem 9 milhões de unidades/ano. Para alcançar a Toyota, a VW precisa mesmo explorar novos territórios.
Acima, o painel do AAC, veículo conceito usado de base para o desenvolvimento da nova picape. Mas o painel do novo modelo deve seguir as linhas mais reais dos lançamentos recentes da marca, como, por exemplo, do Tiguan
O projeto, desenvolvido em Hannover (Alemanha), é conhecido como RPU, sigla para “Robust Pick-Up” (Picape Robusta) e algumas fontes até apontam sua vida útil: em 2014 ela deve ser redesenhada ou substituída. A princípio (quando MOTOR SHOW falou do projeto pela primeira vez), a picape seria quase uma versão do Touareg com caçamba, mas é sofisticação demais para o que um mercado emergente pode pagar. Depois, cogitou-se uma transformação total no projeto, para um utilitário simples e robusto.
Mas, no fim das contas, decidiu-se pelo caminho do meio: uma picape com visual moderno, parecido com um carro, mas com uma base robusta e durável. O conceito AAC, apresentado no ano 2000 – e que apareceu no Salão de São Paulo –, deve servir de base para a picape, que poderá ter construção em monobloco ou sobre chassis – cada um com sua vantagem.
A construção sobre chassis, como ocorre na maioria das picapes deste porte, tem maior durabilidade e resistência, além de permitir um maior isolamento da cabine e, conseqüentemente, menor nível de ruídos. Mas a construção em monobloco é mais barata e deixa o carro mais leve, diminuindo o consumo. Além disso, a VW já tem experiência em trabalhar com monoblocos, como fez no Touareg e no Tiguan, e essa opção tornaria ainda mais viável construir um SUV na mesma linha, como ocorre com S-10 e Blazer.
A picape VW terá versões a diesel ou gasolina, 4×2 ou 4×4, o que possibilitará opções mais baratas, para brigar com Ranger e S-10 a gasolina, e mais caras, para enfrentar L200, Hilux e Frontier a diesel. Os diesel viriam de um fornecedor, como a MWM, enquanto o motor a gasolina deve ser uma versão com maior cilindrada do AP, que, para crescer o torque, deve ficar com 2,2 ou 2,4 litros. Ainda há a possibilidade de um motor novo, mas nossas fontes não confirmam.
Com as novas Mitsubishi L200 (veja nesta edição) e Nissan Frontier, anunciada para novembro, o mercado fica mais competitivo. No ano que vem ainda teremos outra estreante no segmento: a Fiat, em parceria com a indiana Tata, lançará sua picape média. Ou seja, a vida para a nova picape não vai começar fácil. E a S-10, que, apesar de ultrapassada, ainda é líder absoluta em vendas, vai ter que se atualizar.
Quem ela terá que enfrentar