28/05/2015 - 16:44
Em 1984 voltei às competições, depois de três anos sabáticos. Era hora da Indy, em vez da Fórmula 1. Tive uma fantástica carreira na Indy: ganhei 22 corridas, incluindo a Indy 500 duas vezes. Gostava muito e pilotava bem depois de 12 anos nos Estados Unidos quando, em 1996, no oval de Michigan, um acidente encerrou minha carreira nas pistas. Lembro incrivelmente bem. Classifiquei em quinto, pois o motor Mercedes da Penske não era muito forte. Em terceiro estava Greg Moore. Confiava na vitória nestas 500 milhas (250 voltas), pois já era um piloto muito experiente, acostumado com pistas nas quais a velocidade média passa de 370 km/h.
Minha estratégia era uma boa largada e fechar a primeira volta em terceiro. Quase consegui. Larguei bem e apontei o nariz vermelho do meu Penske número 9 na primeira curva inclinada para ultrapassar Greg Moore, que corria com o 99 e ia mais devagar. Greg era um novato e, mesmo rápido, não estava acostumado a correr roda a roda em altíssimas velocidades. Não esperava minha ultrapassagem lá no alto da Curva 1, já na primeira volta. Quando você corre tão rápido e perto dos outros, é necessário ser incrivelmente preciso na pilotagem: acelerador e direção devem ser cirúrgicos.
A estranha turbulência a 320 km/h em curvas inclinadas exige muita experiência. Enquanto ultrapassava Greg, seu carro escorregou um pouco para cima da curva. Nossos carros se tocaram. Virei passageiro do meu Penske e bati no muro com uma força de 108 G. Ainda estava consciente quando parei na Curva 2 e sabia que havia sido a pior batida de minha carreira. Não enxergava bem, pois a retina de um olho tinha se deslocado. Costas e pescoço doíam muito: duas vértebras haviam se quebrado. Tinha 49 anos, mas estava em ótima forma, e ainda consegui falar pelo rádio com meu chefe de equipe, Carl Hogan.
Sabia que minha condição era séria, mas me sentia estranhamente calmo. Comecei a ter náuseas, tontura e veio um sentimento muito estranho, junto com a dificuldade para respirar. Tinha hemorragia interna e meus pulmões se enchiam de sangue. Lembro claramente das palavras “estou morrendo” e desmaiei. O pessoal do resgate salvou minha vida ainda no centro médico da pista. Fui de helicóptero para um hospital próximo, em Jackson, e depois para o St. Joseph, em Ann Arbor, especializado em traumas da coluna.
Semanas após o acidente, estava na cama do hospital ainda com muito desconforto, mas determinado a me recuperar, quando Cristo entrou na minha vida. De repente, senti Sua Presença. Sem nenhuma dúvida eu sabia que Ele tinha me salvado. Meu acidente me ensinou muito. Talvez, de alguma maneira, me ensinou tudo. Correr continua sendo perigoso. Sempre vai ser e, por isso, devemos respeitar cada piloto que enfrenta esse risco. E tenho certeza que Deus me colocou na Terra para praticar esse esporte, do qual me orgulho muito.