Passados apenas um ano e meio de seu lançamento, o subcompato Up é praticamente relançado pela Volkswagen no Brasil. O carrinho – que já tinha um bom desempenho e era bastante econômico – ganhou um novo motor 1.0 TSI de 3 cilindros que o deixou com muito mais potência, desempenho de automóvel 2.0 e o menor consumo do país (ganha até do Renault Clio 1.0 sem ar-condicionado, que até agora era o primeiro colocado nesse quesito). O “milagre” está nas letrinhas TSI, que significam turbo com injeção direta de combustível. Para saber mais detalhes técnicos, leia reportagem na edição de agosto da revista Motor Show.

O que nos interessa aqui é o posicionamento mercadológico do Up. Veja o vídeo e repare como a Volkswagen agora está se esforçando para mostrar os melhores atributos técnicos do Up. Como as propagandas de televisão costumam ter filmes de apenas 30 segundos, ainda não sei dizer quais partes serão eliminadas. Mas é importante ressaltar que a Volks fez a sua lição de casa e, ao invés de baixar o preço do Up normal, decidiu melhorar o produto e lançou o Up TSI com incríveis melhorias técnicas, melhor pacote de equipamentos de série e menos pacotes de opcionais (eram tantos que confundiam o comprador). O preço, claro, não é baixo, mas pelo menos o acréscimo não foi tão grande em relação ao Up com motor aspirado: R$ 3.100. Parece justo.

O filme publicitário do Up TSI deve ser muito mais eficiente do que o de lançamento, que não tinha absolutamente nada a ver com o carro. A Volks parece ter entendido que o brasileiro não vê muita graça no design desse carrinho alemão – então tratou de lançar uma série especial mais vistosa e de ressaltar seus aspectos técnicos, que são pra lá de positivos. Mas, como quem manda na história do capitalismo é o mercado, ainda não sabemos se o Up TSI turbinará as vendas da Volkswagen a ponto de ela deixar de sentir saudade do antiquado Gol G4, antecessor do Up.

Se as vendas melhorarem, será uma demonstração de que o consumidor brasileiro aceitou o lado “racional” do Up. Mas, se não melhorarem, vale a pena fazer uma reflexão. Talvez estejamos sendo exigentes demais com esse carrinho. Afinal, seus números de venda em relação ao Gol G5 (modelo mais vendido da Volks no Brasil) estão na casa de incríveis 62% em 2015. Foram 27.829 Up licenciados, ante 44.900 Gol. Ok, isso pode ter sido mais pela queda do Gol do que pelo sucesso do Up. Afinal, no ano passado, quando milhares de unidades do G4 ainda foram computadas, o Up vendeu 32% do volume registrado pelo Gol (58.894 contra 183.356).

Mesmo esse índice já era alto, se compararmos com o desempenho do Up na Europa perante o best-seller da Volkswagen, o Golf. Na casa de 113 mil a 130 mil, o Up vendeu 26% do volume do Golf em 2012, 28% em 2013 e 24% em 2014. As vendas do Golf na Europa, nesses anos, ficaram na casa de 430 mil a 523 mil unidades. Na atual temporada, o Up vendeu 46.404 unidades e o Golf emplacou 225.609 unidades no mercado europeu. A proporção Up-Golf está atualmente em 20,5%. Muito distante dos 62% verificados no Brasil.

Vale ressaltar que o Volkswagen Up ocupa um sólido terceiro lugar entre os chamados “minicars” europeus, com seus quase 125 mil carros vendidos. Ele perde apenas para dois modelos da Fiat, o 500 e o Panda, que registraram cerca de 180 mil e 81 mil emplacamentos, respectivamente. Como sabemos, aqui no Brasil o Fiat 500 é considerado um carro cult e tem vendas baixíssimas (apenas 1.516 vendas no primeiro semestre). Talvez o Up seja o carro certo no país errado.