Já há alguns anos, a ecologia tem sido a tônica dos salões internacionais mundo afora. Isso reflete a realidade das montadoras na última década que têm protagonizado uma corrida por tecnologias que diminuam o impacto dos carros no meio ambiente. Mas a 79ª edição do Salão de Paris (cujos destaques foram apresentados na edição passada) foi marcada não mais pela especulação de como será o carro verde do futuro, mas por soluções reais que chegarão às ruas em breve. As montadoras já tomaram suas decisões. Algumas apostaram nos carros a hidrogênio, outras, nos carros elétricos e muitas encontraram caminho nos híbridos. E Paris foi a oportunidade de cada marca anunciar por qual direção seguirá e, finalmente, colocar uma data para seus carros chegarem às ruas. Não foi um salão apenas de carros-conceito ecologicamente corretos, mas de protótipos, ou seja, modelos que, em dois ou três anos, estarão rodando com emissões de CO2 zero ou próximas disso.

NISSAN

“Um oásis em movimento, um paraíso verde de tranqüilidade em meio à selva urbana.” Assim a Nissan define o conceito Nuvu, apresentado no Salão de Paris. Um modelo que reúne tudo o que a marca imagina para um carro urbano do futuro. “Há uma nova geração que irá questionar por que compramos carros grandes se sabemos que em 99% do tempo eles irão rodar apenas com o proprietário”, afirma François Bancon, gerente-geral de estratégia de produto da Nissan Motor Co. O modelo tem carroceria do tipo 2+1, três metros de comprimento, seu interior utiliza materiais orgânicos e reciclados e é movido a eletricidade. O teto de vidro tem pequenos painéis solares que acumulam a energia que é distribuída para as baterias através um “tronco verde” que funciona como um conduíte.

MERCEDES

A Mercedes apresentou dois modelos ecologicamente corretos na feira francesa. O primeiro é o C250 CDI BlueEFFICIENCY Primeira Edição. Traz um motor diesel 2.2 de 204 cv, acelera de zero a 100 km/h em 7 segundos e tem consumo médio de 19,4 km/l e emissão de 138 g/km de CO2. O segundo é o S 400 BlueHYBRID, o primeiro carro híbrido da marca, que começa a ser vendido ano que vem. O luxuoso sedã tem um motor V6 a gasolina, trabalhando em conjunto com um módulo eletrônico que gera 20 cv extras. O consumo médio é de 12,7 km/ l, emitindo 190 g/km de CO2.

CITROËN

Além de uma nova geração do sistema star&stop, nova transmissão automatizada e de carros bicombustível, a marca mostrou em Paris quatro conceitos voltados ao meio ambiente. O Hypnus apresenta os últimos avanços da tecnologia Hymotion4, que deverá equipar os modelos da marca nos próximos anos. Um motor elétrico traseiro que, em situações de forte aceleração ou de baixa aderência, auxilia o motor térmico com mais torque e, ao mesmo tempo, traciona as rodas traseiras. Já com o C4 Hybride HDI, a marca obteve consumo de 29,4 km/l e emissões de CO2 de 90 g/km e com o C4 WRC Hybrid levou a questão ambiental para o mundo da competição automobilística. O modelo C-Cactus, que já havia aparecido em Frankfurt, está mais próximo de uma produção em série e pode contar com motor totalmente elétrico ou híbrido.

PEUGEOT

Além do conceito de um esportivo ecológico, o RCHymotion4, a marca mostrou o Prologue, um modelo bem próximo de um crossover de rua. Com a mesma tecnologia Hymotion4 utilizada pela Citroën, o carro funciona de forma híbrida (a diesel e a eletricidade) e é capaz de gerar 200 cv com 50,9 kgfm de torque, dos quais 30,6 kgfm estão nas rodas motrizes da frente e 30,3 kgfm nas de trás. Com essa receita, o conceito faz 24,4 km/l de diesel e emite 109 g/km de CO2. A marca mostrou ainda um misto de carro e moto, o Hymotion3. O modelo de três rodas funciona com um motor elétrico em cada uma das rodas dianteiras (3 kw cada) e um propulsor térmico de 20 cv na traseira. O conjunto garante 29 cv e um consumo de 50 km/l de gasolina que correspondem a 47 g/km de CO2 ou emissões zero quando se utiliza só a eletricidade.

TOYOTA

Além do modelo iQ e do Urban Cruiser, a marca japonesa mostrou um conceito de um modelo híbrido recarregável. Chamada de PHV (Plug-in Hybrid Vehicle), a tecnologia, mostrada no Prius, permite que se rode, por muito mais tempo, sem utilizar o motor a gasolina, o que reduz significativamente a emissão de CO2. “O que diferencia a PHV dos outros híbridos que o precederam é a capacidade superior da bateria, que oferece uma maior autonomia quando utilizada apenas a propulsão elétrica, e a função de recarga, que permite aos consumidores recarregare o carro na rede elétrica de casa”, afirma Yoshikazu Tanaka, engenheiro chefe do projeto. Segundo a marca, o sistema PHV estará à disposição dos consumidores em 2010.

HONDA

Apresentado em Paris, o protótipo familiar Insight dá indícios de como será o primeiro de três novos modelos de rua híbridos que a marca irá revelar nos próximos quatro anos. Um carro familiar que privilegia o espaço para carga e ocupantes e que alia um motor elétrico a um outro térmico a gasolina.

VOLKSWAGEN

Além da segunda geração sistema BlueMotion (proposto para o Brasil em um Polo, no Salão do Automóvel), a marca apresentou o Blue TDI, tecnologia que passa a equipar o Passat e a Variant em 2009. O sistema diminui o consumo de combustível dos modelos diesel TDI em média em 0,3 litro, dependendo do carro em que é aplicado. Já a Audi, apresentou o A1 Sportback Concept, um híbrido com motor 1.4 Tsi e a Seat mostrou a versão Ecomotive de seu Ibiza, que emite 99 g/km de CO2, e já está disponível para venda.

RENAULT

Segundo a marca, um dos grandes problemas dos veículos elétricos está na utilização da energia também para equipamentos de conforto, como iluminação e aquecimento. Por isso, para o Z.E. Concept (ZE de zero emisson), a Renault desenvolveu um sistema de gerenciamento e otimização de energia, que garante maior autonomia ao veículo. A idéia é comercializar carros elétricos em grande escala a partir de 2011.