Produzido entre 1946 e 1955, o esportivo EMW 327 é um curioso caso de carro clonado feito na mesma fábrica em que eram produzidos os carros originais. Por mais confusa que essa história possa parecer, ela é um reflexo direto da Guerra Fria.

A história do EMW 327 teve origem com o BMW 327. Lançado em 1937, o elegante esportivo estava disponível nas carrocerias cupê e conversível e tinha um motor 2.0 de seis cilindros e 55 cv. Até 1941, quando a produção foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial, haviam sido produzidas 1.965 unidades do modelo. Com a derrota da Alemanha no conflito mundial, a fábrica da BMW em Eisenach (que havia sobrevivido ao conflito com poucos danos) retomou em 1946 a produção do 327, com o mesmo visual e mecânica dos carros pré-guerra.

O problema é que Eisenach ficava na zona ocupada pela União Soviética, no território que viria a se tornar a socialista Alemanha Oriental. Quem estava no comando da fábrica eram os soviéticos, que haviam expropriado a unidade industrial e reativado as linhas de produção sem pedir autorização ao ex-dono. Até 1951, os únicos BMW em produção eram esses automóveis montados sem licença no país socialista.

Como a matriz em Munique não havia retomado a produção de carros na Alemanha Ocidental, esses BMW “piratas” não eram um problema para a montadora. Mas isso mudou em 1952, quando a empresa voltou ao ramo automotivo com o BMW 501 e iniciou uma disputa judicial pelo uso da marca BMW. No final das contas, a montadora da Alemanha Oriental pôde continuar produzindo os BMW, mas agora sob a marca EMW e com um emblema quase idêntico ao da BMW, mas com a cor vermelha no lugar do azul.

A EMW seguiu produzindo clones dos BMW até 1955, quando passou a produzir o Wartburg 311, um projeto local totalmente novo que utilizava um motor de dois tempos de projeto DKW.