25/06/2020 - 16:33
Os primeiros acordes do Tema da Vitória tocaram enquanto Alain Prost acelerava sua McLaren na saída da Curva 11, a última antes da linha de chegada no Autódromo de Jacarepaguá. O francês correu tranquilo para sua vitória no GP Brasil de Fórmula 1 em 1984. E o tema (imortalizado nas vitória de Senna) não tocou para Prost por engano.
Encomendada pela Globo, a canção foi composta pela maestro Eduardo Souto Neto e gravada pelo grupo Roupa Nova em 1981. A ideia foi sugerida Aloysio Legey que queria uma música exclusiva para marcar as vitórias no GP Brasil de F1, independente da nacionalidade do piloto vencedor.
A música não foi utilizada até o GP Brasil de 1983, em 13 de março daquele ano. E que sorte inaugurar a canção com uma vitória brasileira. Nelson Piquet, da Brabham, venceu a primeira corrida da temporada em casa. Naquele mesmo ano ele conquistaria o bicampeonato mundial de pilotos.
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O ano seguinte, marcou também a estréia de Ayrton Senna na categoria. A lenda brasileira do automobilismo mundial que tomaria para si a música, sequer conseguiu concluir a prova. Senna, então correndo pela Toleman, abandonou a prova depois de apenas oito voltas completadas.
O dia em que o Tema da Vitória não tocou para Senna
A partir de 1986, o Tema da Vitória passou a ser executado a cada vitória de piloto brasileiro, não importando em que circuito a corrida fosse realizada. Dessa forma, a música foi executada em 38 das 41 vitórias de Senna na categoria. As exceções foram as conquistas nos GPs de Portugal e Bélgica em 1985, quando a música era exclusiva do Grande Prêmio do Brasil.
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Mas em 1991, no GP da Austrália a música novamente não foi executada para marcar a vitória do brasileiro. A razão está no caos que marcou aquela que ficou conhecida como a corrida mais curta da história da Fórmula 1.
Chovia torrencialmente antes da largada no circuito de rua de Adelaide. O campeonato de pilotos já havia sido definido na etapa anterior, com a conquista do tricampeonato de Ayrton Senna no Japão. Mas a disputa pelo mundial de construtores estava aberta. E, no grito, as equipes conseguir fazer com que a prova fosse realizada.
Apenas depois de 16 voltas e com uma coleção de rodadas, derrapatas e batidas, Senna esbravejou com os fiscais de prova que interromperam a corrida. Os carros retornaram para os boxes e a ideia era aguardar a melhora do clima para reiniciar a disputa.
Mas como a chuva apenas se intensificou, a direção de prova decidiu encerrar o grande prêmio. Pelo regulamento, valeriam as posições de duas voltas anteriores. Assim, o GP da Austrália de 1991 foi a única ocasião em que a vitória de Senna não teve a execução do Tema da Vitória
Os hiatos
Dois grandes hiatos de vitórias brasileiras na Fórmula 1 ocorreram desde que o Tema da Vitória passou a marcar estas conquistas. Entre as vitórias de Senna no GP da Austrália de 1993, e de Rubens Barrichello na Alemanha em 2000, a música da Globo amargou o ostracismo. Foram quase 7 anos sem a sua execução.
Atualmente o Brasil vive um jejum de vitórias ainda maior. A última vez que o Tema da Vitória foi executado, foi para celebrar a vitória de Rubens Barrichello no GP da Itália em 2009, quando corria pela equipe Brawn. Dia 13 de setembro próximo, serão 11 anos completados sem um brasileiro no alto do pódio.