Antes do GP dos EUA, no dia 2 de novembro, somente três pilotos conseguiram vencer corridas nessa temporada da Fórmula 1: Lewis Hamilton (Malásia, Bahrein, China, Espanha, Grã-Bretanha, Itália, Cingapura, Japão e Rússia), Nico Rosberg (Austrália, Mônaco, Áustria e Alemanha) e Daniel Ricciardo (Canadá, Hungria e Bélgica). Em 16 provas foram 13 vitórias da equipe Mercedes AMG Petronas, que chega ao Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, no dia 9 de novembro, como favorita.

O domínio incontestável dos carros de Hamilton e Rosberg é resultado do maravilhoso conjunto formado pelo chassi F1 W05 e pelo motor PU 106A Hybrid. As equipes enfrentaram em 2014 a maior revolução tecnológica de um ano para outro na história da F1. A Mercedes não era campeã desde 1955. Por trás dos pilotos, a Mercedes AMG Petronas tem uma estrutura que funciona perfeitamente, formada pelo ex-piloto austríaco Niki Lauda como presidente não executivo e por dois executivos: o queniano Paddy Lowe (diretor técnico) e o austríaco Toto Wolff (diretor de negócios). Lauda foi o primeiro a chegar, em setembro de 2012, seguido por Wolff (janeiro de 2013) e Lowe (junho de 2013). Todos eles tinham passagem vitoriosa nos bastidores da Fórmula 1 – Lauda, por exemplo, era membro da Ferrari nos anos de ouro de Michael Schumacher..

Havia muita dúvida, no início da temporada, sobre quem iria se sobressair com as novas regras da F1. A nal, a categoria estava saindo de carros com motores V8 aspirados para bólidos muito diferentes, com motor turbo V6 1.6 associado a complexos sistemas de recuperação de energia, ou seja, carros híbridos. Tanto que na F1 não se fala mais tanto em motores, mas sim em unidades de potência. O carro da Mercedes é uma maravilha tecnológica – e certamente a excelência dos carros de rua da Mercedes contribuiu muito para sua rápida adaptação às novas regras da Fórmula 1. O chassi W05 tem o monocoque, as suspensões e os freios (Brembo) em bra de carbono, uma central eletrônica de alta tecnologia e o sistema de combustível feito de kevlar. O câmbio é semi-automático sequencial de oito marchas, com ativação hidráulica. O carro mede 4,8 m de comprimento, 1,8 m de largura e 95 cm de altura. Pesa apenas 690 quilos. 

Já o motor, batizado de PU106A (PU de Power Unit), reúne um V6 a 90 graus turbo de 1,6 litro de cilindrada, capaz de girar a 15.000 rpm e de consumir 100 quilos de combustível por hora (rodando numa média de 10.500 rpm), acoplado a dois motores/geradores elétricos que funcionam com baterias de íon de lítio. Como na aviação, na Fórmula 1 o consumo de combustível é medido por quilos e não por litros, pois a proibição de abastecimento durante a corrida também fez parte do novo regulamento da categoria. 

Dizem que um carro de corrida, para fazer sucesso, depende do bom desempenho de quatro fatores: 25% do chassi, 25% do motor, 25% dos pneus e 25% do piloto. Quanto aos dois primeiros itens, Hamilton e Rosberg não tiveram do que reclamar. Os pneus (Pirelli nessa temporada) são iguais, mas cada piloto trata melhor ou pior do seu – e talvez aí esteja a diferença entre as nove vitórias de Lewis e as três de Nico. Fora da Mercedes, só Ricciardo, da Red Bull Renault, se salvou. O tetracampeão Sebastien Vettel teve um ano difícil e a Ferrari sofreu demais, o que levou até à demissão de seu presidente, Luca di Montezemollo, e à anunciada saída de Fernando Alonso, que irá para a McLaren.