Enfim, a família está toda reunida. O DS4 acaba de chegar ao Brasil para ocupar seu lugar ao lado do pequeno DS3 e do grandalhão DS5 na gama de modelos de luxo da Citroën. Mas, como todo filho do meio, sempre mais pressionado, o DS4 também terá que se superar por aqui. Apesar do caminho já aberto – principalmente pelo caçula DS3 –, este cupê quatro portas de R$ 99,9 mil entra em uma faixa de mercado mais disputada, com uma gama maior de opositores. Só dentro da Audi, ele já bate de frente com dois fortes concorrentes: o A1 e o A3 nas versões Sportback. E ainda terá que vencer BMW Série 1, Mercedes Classe A e Volvo V40 (esse dois últimos chegam em breve). Segundo a marca, ele ainda dividirá atenções com Hyundai Veloster e Volkswagen Fusca. Vida complicada do francesinho. “Nossa expectativa é vender 100 carros/mês”, diz Jeremie Martinez, chefe de produto.

Para auxiliar seu filhote a ganhar o mundo, a Citroën carregou na lista de equipamentos e no visual para lá de atraente. Embora não recrie os antigos DS dos anos 1950, carrega em seu DNA os atributos visuais e de luxo dos modelos do passado. E muitos podem achar que é um hatch, quando na verdade se trata de um cupê. O charme à parte está nas portas traseiras escondidas com maçanetas integradas – uma solução já usada pelo Alfa Romeo 156 de 1997 e o recente Chevrolet Sonic hatch. O preço cobrado pelo estilo está nas janelas traseiras fixas, que podem gerar críticas dos consumidores. “Esse foi um dos maiores desafios do projeto. O vidro não desce porque é maior do que a porta”, explica Vincent Olivier, designer responsável.

Montado na plataforma do C4 europeu, o DS4 tem bom espaço e itens de conforto e conveniência dignos de modelos de segmentos superiores. Destaque para o monitor de pontocego, que alerta sobre veículos fora do campo de visão dos retrovisores, e os bancos esportivos de couro perfurado em duas tonalidades com aquecimento e funçãode massagem. O motorista ainda pode escolher a cor da iluminação dos instrumentos, e a central multimídia, com tela de sete polegadas, traz navegador GPS. Os sensores de estacionamento medem o espaço disponível para estacionar e avisam se a manobra é possível, mas o carro não faz a baliza sozinho como outros modelos de luxo. Faltou também a câmera de ré, que facilitaria ainda mais as manobras.

Dentro da cabine, a sensação de amplitude é garantida pelo para-brisa panorâmico, com ângulo de visão superior a 45°. Diferentemente do que ocorre nos C3, que têm os para-sóis deslizantes em peça única, no  DS4 eles são controlados individualmente.

Hora de acelerar, e o DS4 agrada. O motor é o mesmo 1.6 turbo presente no DS3 e no DS5. O desempenho  empolga logo nos primeiros metros, e a rodagem é bastante silenciosa. Tudo fica ainda melhor quando se opta por trocar manualmente as seis marchas do câmbio sequencial – faltam apenas as borboletas atrás do volante. Apesar da altura elevada em relação ao solo, o carro é bom de curva. Embora as suspensões não tenham sido adaptadas para suportar as condições do nosso piso, elas cumprem o seu papel, garantindo o conforto a bordo. Os faróis bixenônio tem sistema de iluminação de curvas: toda vez que o motorista liga o pisca ou vira o volante, um feixe de luz suplementar, acionado automaticamente, aponta para as laterais, aumentando consideravelmente a visibilidade. Ainda no quesito segurança, o modelo tem seis airbags, mas eles dificilmente terão de trabalhar, pois o carro tem todos os recursos para evitar uma colisão – a famosa “sopa de letrinhas”: freios ABS com EBD (distribuição eletrônica de frenagem), REF (repartidor eletrônico de frenagem) e AFU (auxílio de frenagem de urgência), além dos sistemas ESP (controle de estabilidade) e ASR (antipatinagem).

No final das contas, entre a falta de espaço do DS3 e a falta de desempenho do DS5, esse filho do meio acaba sendo o mais equilibrado da família. Mas, com os concorrentes abaixo, sua situação no mercado não é nada fácil.