Nas páginas anteriores, você conferiu o incrível recorde de velocidade obtido por um Porsche 993 biturbo no evento Top Speed. Mas em julho um recorde mais impressionante foi batido no campo de provas da VW na Alemanha. Um foguete de quatro rodas e um piloto – apaixonado pelo bólido que guiava – conquistaram o novo recorde mundial de velocidade para um carro de rua. Ao volante, o vitorioso piloto Pierre-Henri Raphanel fez duas passagens a bordo do Bugatti Veyron Super Sport. Na primeira, alcançou a velocidade de 427,933 km/h – superada na segunda tentativa, em sentido contrário, quando conseguiu atingir nada menos que 434,211 km/h. A façanha foi controlada por um representante da TÜV – associação alemã de controle técnico – e pelos profissionais do “Guinness Book”. Segundo o regulamento, a homologação do feito se dá com a média das velocidades, que fixou o recorde de 431 km/h.

Acima, a equipe da Bugatti comemora o resultado e recebe o “diploma” do “Guinness”, o livro dos recordes. Na página ao lado, o piloto Pierre-Henri Raphanel ao volante na pista de testes da VW na Alemanha: “Quem dirigir esse carro saberá, pelo resto da vida, que um Bugatti é uma coisa única”

Nos próximos meses, esse Bugatti será produzido em série a 30 exemplares que serão vendidas por 1,434 milhão de euros. Além das mudanças no motor, que aumentaram a potência, a versão tem câmbio de dupla embreagem com sete marchas, tração integral capaz de suportar aceleração lateral de 1,4 g e peso 46 kg menor.

Para o entusiasmado Raphanel, hoje piloto de testes da Bugatti, nunca mais haverá um carro como esse. Segundo ele, foi preciso a conjunção de três fatores para que esse automóvel fosse criado. Primeiro, uma marca de prestígio. “Se a Toyota fosse capaz de fazer um carro que chegasse a 600 km/h, ninguém estaria disposto a pagar mais de um milhão de euros por ele”, a rmou. Segundo, um homem com a coragem de Ferdinand Piëch, que acreditou no projeto de um carro de 1.000 cv em 2003 – quando os melhores esportivos não passavam dos 550 cv. “Ele permaneceu indiferente aos problemas e aos críticos que o chamavam de louco e megalomaníaco”, defendeu Raphanel. E, em terceiro lugar, é necessário que esse carro surja dentro de um grupo com a força econômica da VW porque “não existe retorno que justi que um investimento desse”.

Questionado se a Ferrari não poderia fazê-lo, Raphanel foi taxativo: “Não, porque a Ferrari não quer. Já tem nome forte e, quando vendem um carro, é pelo dinheiro”. E a Bugatti faz por caridade? “Não. Fizemos o Veyron para provar que somos os melhores do mundo, assim como nos anos 20, 30. Quem dirigir esse carro saberá, pelo resto da vida, que um Bugatti é uma coisa única”.

No painel do Veyron, um indicador de potência marca incríveis 1.200 cv com velocidade de 417 km/h: mas o já lendário supersportivo ainda foi além