01/06/2010 - 0:00
O sistema car sharing é uma alternativa para quem usa transporte público, mas não quer levar a namorada para jantar a pé no sábado à noite nem carregar as compras do supermercado no metrô. O serviço de compartilhamento de carros não é novo – os europeus já usufruem dele há mais de duas décadas e os americanos, desde o início dos anos 90 -, mas só chegou ao Brasil em julho do ano passado.
O funcionamento é simples: você se inscreve pelo site, fornece alguns dados (incluindo um número de cartão de crédito) e recebe um cartão. Com ele, você liga para a central e agenda a utilização do carro. Na hora combinada, vai até o estacionamento escolhido, aproxima o cartão de um sensor no para-brisa e a porta é liberada. Ao entrar no carro, há um painel com a pergunta “O carro está limpo?”, basta responder, pegar a chave no porta-luvas e sair dirigindo.
O valor mínimo cobrado pelo uso do carro é R$ 22 por uma hora (e as demais são fracionadas a cada 15 minutos). Por enquanto, os veículos não são isentos do rodízio, mas a empresa está pleiteando o benefício, já que o conceito vai ao encontro da justificativa utilizada para a manutenção da restrição à circulação de carros, que é a diminuição significativa da poluição e do trânsito.
O serviço foi trazido ao País pela Zazcar, que faz parte de um grupo de Curitiba até então voltado à terceirização de frotas, e tem atualmente 130 clientes que dividem dez carros, distribuídos em oito pontos na cidade de São Paulo. Sem dúvida ainda é pouco, mas os negócios vão bem. “Iniciamos a operação com quatro pontos e pretendíamos, após seis meses de ajustes e identificação de demanda, começar a abertura de três novos pontos por mês. Mas estamos bem adiantados, já com oito pontos”, comemora Felipe Barroso, diretor da empresa.
Por diluir o custo fixo entre poucos usuários, o sistema aqui ainda é mais caro que em outros países, mas a tendência é que esse valor diminua à medida que o negócio se expandir. A Zipcar, uma das principais empresas de car sharing dos EUA, cresce seu faturamento na razão de 30% ao ano. Naquele país, são 323.681 usuários compartilhando 7.772 carros divididos em 16 empresas. Assim como ocorre na Europa, os usuários no Brasil são em sua maioria profissionais liberais ou autônomos, jovens (30 a 40 anos) com boa formação e que já tiveram contato com o sistema em outros países.
Em geral, são donos de moto ou casais que dividem o carro por terem aberto mão das despesas com um segundo automóvel. “Moro a cinco quadras do meu trabalho e vou ao escritório de ônibus, mas adoro ter a disponibilidade do car sharing. Uso até para almoçar com os amigos”, conta João Cândido Lindenberg Motta, de 25 anos (nas fotos), bacharel em direito, que conheceu o sistema quando morou nos EUA. Além de fazer bem para o bolso (já que todas as despesas, inclusive combustível e seguro estão incluídas), esse consumidor sabe que o uso consciente é primordial em grandes cidades, pois beneficia o trânsito e o meio ambiente.
Cada carro utilizado em compartilhamento elimina de seis a 28 veículos das ruas, dependendo da maturidade do car sharing implantado na região e da eficiência do transporte público. “Já iniciamos os estudos para saber qual está sendo o impacto no Brasil, mas ainda é cedo para conclusões”, afirma Barroso. Na Europa, estima-se que o consumidor que utiliza o car sharing diminua em 50% as emissões de CO2 de sua responsabilidade.
Atualmente, o cliente precisa devolver o carro no mesmo local onde o retirou, mas a empresa já estuda mudar essa logística. “Os smart na Alemanha funcionam assim você deixa o carro estacionado na rua e o outro usuário pega ele dali, muito mais prático”, argumenta Motta. Entre os modelos disponíveis estão Fox, Civic, Punto e Siena, todos flex, mas a empresa estuda a inclusão de veículos elétricos e híbridos, o que traria um ganho ainda maior para a cidade em relação a emissão de gases poluentes.
A proposta é achar uma montadora que importe veículos de emissão zero exclusivamente para esse uso. Bom para a imagem da Zazcar, para a imagem da montadora, para o consumidor e para a cidade. Quem se habilita?