Todos nós sabemos que o Fusca é o carro mais vendido da história da Volkswagen, certo? Errado. Na verdade, é o Golf. Com mais de 30 milhões de unidades vendidas em mais de 120 países desde 1974, o Volkswagen Golf supera o Fusca em cerca de 8 milhões. Claro que no Brasil essa conta é diferente, pois a carreira do Golf nacional teve apenas 13 anos de duração. Para tristeza dos fãs, o Golf comercializado no Brasil estacionou na quarta geração, lançada em 1999. Em 2007 a Volkswagen introduziu mudanças locais no Golf IV, mas o fato é que os brasileiros perderam as gerações V e VI. Agora tudo mudou! O Golf VII foi lançado em 2012 na Europa e finalmente está chegando ao Brasil, importado da Alemanha. Melhor do que isso. Além da versão Highline 1.4, de 140 cavalos, está vindo também a versão esportiva GTI 2.0, de 220 cv. O Golf Highline começa a ser vendido no final de setembro e o GTI, oito semanas depois, em novembro.

O Golf GTI é um mito surgido em 1976. Tivemos a oportunidade de dirigi-lo em um autódromo particular na Fazenda Capuava, em Indaiatuba, no interior de São Paulo, e ele revelou tudo que se esperava dele. Pelo seu comportamento dinâmico, o Golf GTI é um carro até discreto. Seu visual é marcado por um filete vermelho na frente do carro. Nessa sétima geração, esse filete passa pela grade e invade os faróis. Ele também tem a colmeia na grade, como é comum em muitos esportivos, e logo abaixo dos faróis exibe umas aletas que parecem garras. O escapamento duplo, as costuras internas em vermelho e o volante achatado na parte de baixo reforçam seu caráter esportivo. Coloque-o para funcionar e a fera revela-se.

O novo motor 4 cilindros EA888 2.0 TSI (turbo com injeção direta) oferece seus 220 cv de potência na faixa de 4.500 a 6.200 rpm. O torque também é generoso, e seus 35,7 kgfm estão disponíveis de 1.500 a 4.400 rpm. Aliado à perda total de 100 quilos no carro, comparado com o Golf VI, o Golf GTI da sétima geração consegue acelerar de 0-100 km/h em 6,5 segundos e atinge 244 km/h de velocidade máxima. Ele estará disponível apenas com a transmissão automática DSG de seis velocidades, com trocas manuais pela alavanca no console ou pelas borboletas atrás do volante.

Dirigindo rápido, você consegue sentir a precisão da direção eletromecânica, as suspensões duras para colar o carro no chão e uma incrível estabilidade. O carro é neutro e passa uma boa sensação de segurança nas frenagens e nas curvas. Os freios são a disco de 312 e 300 mm com pinças vermelhas nas quatro rodas. Os pneus usam as mesmas medidas do Golf Highline: 205/55 R16. O carro é dotado de muita eletrônica, atuando na estabilidade, nos freios, na direção, nas rodas e no diferencial. Até mesmo indicador de pneu murcho ele tem. Melhor ainda é saber que esses sensores estão disponíveis também na versão Highline, inclusive a que ajusta o perfil de condução, deixando o volante mais leve ou mais pesado, por meio de um botão no painel multimídia. No GTI, a direção é progressiva. Aliás, exceto o conjunto motor/câmbio e os adereços visuais de esportividade, o Golf Highline vem com todos os sistemas disponíveis no GTI. Uma das poucas exceções é a direção. No Highline, você precisa de 540 graus no volante para virar completamente as rodas, enquanto no GTI esse giro é de apenas 360 graus, ou seja, uma volta no volante.

Em termos de segurança, o novo Golf avançou bastante. Um de seus sistemas é o Multi Collision Brake, que, no caso de uma colisão, ativa a luz de freio, o pisca alerta e os airbags, além de acionar os freios automaticamente, de modo a prevenir colisões subsequentes. São sete airbags nas três versões (dependendo da configuração), bem como cintos traseiros de três pontos com apoio de cabeça para todos os ocupantes. Um dos sistemas mais incríveis é o que aperta os cintos de segurança e fecha os vidros se o carro derrapar, para deixar o airbag lateral pronto para atuar. A tela multimídia que fica no meio do painel pode ser de 5,8 ou de 8,0 polegadas. O navegador por GPS mostra os caminhos em 2D ou em 3D e o sistema de entretenimento tem capacidade para 64 GB de memória.

Um dos pontos altos do Volkswagen Golf sempre foi sua beleza. O primeiro Golf foi desenhado pelo italiano Giorgetto Giugiaro, que, segundo consta, não cobrou um preço fixo da Volkswagen, mas sim US$ 1 por cada carro vendido ad eternum. Ou seja: já faturou mais de trinta milhões de dólares com o Golf e sua conta não para de crescer. Atualmente, Giugiaro faz parte do board da Volkswagen. O forte do carro sempre foi a coluna C (traseira). Curiosamente, o Golf retorna modernizado ao Brasil com a coluna C parecidíssima com a do Golf IV, que estava se eternizando em nosso país. Observando os detalhes de estilo, dá para ver que o novo Golf foi meticulosamente desenhado. Existe uma linha de design que dá a volta em todo o carro. O logotipo traseiro, por exemplo, está exatamente no meio dessa linha. Os apliques cromados são usados com sutileza, sem exageros. Existem alguns truques visuais que deixam o carro mais baixo, como os faróis e as lanternas traseiras bem achatados. O painel é totalmente voltado para o motorista, que é o “dono da situação” quando senta ao volante do novo Golf. Se as diferenças visuais e de ergonomia do Golf VI para o Golf VII são pequenas, para os brasileiros – que ainda usavam a quarta geração do carro – o salto vai ser grande.

O novo Volkswagen Golf tem ambições de ser líder na categoria de hatches médios superiores, na qual o Ford Focus e o Chevrolet Cruze vendem de 1.400 a 1.700 carros por mês. Dificilmente conseguirá esse feito sendo importado da Alemanha, como agora, por isso espera-se que o Golf venha do México ou até seja feito no Brasil. Até a conclusão desta edição, os preços não tinham sido definidos. A Volkswagen deu uma estimativa: abaixo de R$ 70.000 para o Golf Highline manual e abaixo de R$ 100.000 para o Golf GTI. Estimamos o Highline automático em torno de R$ 75.000.