13/06/2019 - 16:16
No mês passado, comentei aqui sobre riscos, segurança e as duas corridas mais perigosas que disputei na minha vida – ou melhor, que abandonei por causa do perigo. E isso me lembrou do GP de Monza em 1975. Foi uma corrida extremamente memorável, mas por uma razão bastante incomum.
Deixem-me explicar. Na minha longa carreira como piloto, disputei 144 GPs, 195 corridas da CART, 11 provas de USAC e 22 do IROC. Mas ela terminou em 1996, quando ainda tinha 49 anos e sofri um grave acidente na super-rápida Michigan Speedway. Ainda assim, o momento mais assustador de minha carreira de piloto aconteceu quando saí do meu McLaren M23 para subir no pódio de Monza em 1975.
Eu era a “carne” da McLaren espremida no sanduíche da Ferrari, entre Clay Regazzoni e Niki Lauda. No fim, Clay venceu a corrida pela Ferrari e Niki terminou em terceiro, vencendo o campeonato mundial pela mesma equipe – e os italianos, obviamente, ficaram absolutamente loucos com essa vitória dupla “em casa”.
Quando eu caminhava em direção ao pódio, escoltado pelo chefe de equipe da McLaren, Teddy Mayer, fomos atropelados por milhares de fãs da Ferrari,
que tinham pulado todas as barreiras e invadido a pista para se aproximarem de Clay e Niki. Foi verdadeiramente aterrorizante.
Teddy e eu fomos jogados para a esquerda, depois para a direita – o tempo todo “espremidos” pela força maciça da multidão que se amontoava. Em certo momento, tropecei e quase caí. Se tivesse caído, teria sido pisoteado até a morte, não tenho dúvida disso.
Experimente digitar “acidente de fim de carreira de Emerson Fittipaldi” no YouTube e vocês verão que minha batida em Michigan foi de fato muito forte. Mas acreditem em mim quando digo que fiquei muito mais assustado ao ser espremido no meio daquela louca multidão de Monza 21 anos antes.
No entanto, quero deixar claro que o público de Monza sempre foi muito amigável comigo. Não queriam me fazer mal quando quase me mataram; naquele dia eu era apenas um obstáculo em sua louca e justificada comemoração.
Na verdade, como meu sobrenome já deixa claro, tenho ascendência italiana. Então a imprensa da Itália sempre costumava escrever “o brasileiro Fittipaldi falha” quando eu me dava mal em uma corrida, mas escrevia o “piloto ítalo-brasileiro Fittipaldi vence” quando eu me saía bem. E eu costumava achar isso muito engraçado!