O acabamento interno é razoável, mas couro e comandos do som no volante são opcionais. Abaixo, a alavanca do câmbio automatizado

Menos de dois anos depois do lançamento do Linea, a Fiat substitui o motor 1.9 16V que chegou com o sedã. Derivado do antigo 1.6 16V com duplo comando de válvulas produzido na Argentina, ele havia sido revisto pela Fiat Powertrain Technologies (FPT) para ter sua capacidade cúbica elevada para 1.837 cm3 (a marca o chamava de “1.9” para dar a impressão de que era maior que os motores do Civic e do Corolla). Mas essa unidade mostrava-se ruidosa e áspera em médias e altas rotações e ficava longe dos resultados desejados de economia e emissão de poluentes. Os técnicos sabiam que o retrabalho do motor não era a melhor solução, tanto que o “1.9” ficou restrito ao Linea e, no restante da linha, a marca continuou com o velho 1.8 8V da GM.

Agora, o pesadelo acabou: o Linea 2011 já está sendo vendido com o novo motor 1.8 E.torQ, produzido pela FPT em sua nova fábrica nos arredores de Curitiba, no Paraná. A nova unidade é oriunda de um projeto inglês, encomendado pela Tritec (uma antiga associação entre a Chrysler e a BMW) para suprir sua necessidade de motores pequenos (originalmente, ele era 1.6).

Trata-se de um motor de concepção moderna, compacta, barata (apesar das 16 válvulas, utiliza apenas um comando de válvulas simples no cabeçote), com câmaras de combustão quase hemisféricas e velas posicionadas em seu centro, tendendo a conciliar muito bem boa performance e baixo consumo de combustível. Essa versão 1.8 não existia no projeto inglês original, mas foi desenvolvida aqui no Brasil, por técnicos brasileiros, para atender às necessidades do mercado nacional – tanto que utiliza o mesmo curso dos pistões da versão original 1.6 (os pistões em si, por sua vez, foram aumentados em 3,5 milímetros, elevando a capacidade cúbica do motor para exatos 1.747 cm3 (e a Fiat arredonda para 1.8). Na verdade, isso pouco importa: o fato é que ele produz 130/132 cv (gasolina/etanol) que, apesar de suficientes para uma performance convincente neste Linea, está abaixo dos resultados obtidos pelos motores 1.8, tanto do Civic (140 cv) quanto do Corolla (136 cv).

Acima, o banco traseiro que garante espaço para as pernas, mas deixa o quinto ocupante apertado, e as rodas de liga aro 15, opcionais nesta versão de entrada (de série, rodas de aço com calotas)

Avaliamos as versões Absolute, com motor de 130/132 cv, e a LX, que, apesar de ter o mesmíssimo motor, tem a potência máxima limitada a 127 cv por questões legais: como a Fiat prevê que servirá mais para taxistas e deficientes físicos, em vários Estados brasileiros a isenção de impostos para tais categorias só ser concedida se a potência máxima não superar a barreira dos 127 cv, tanto com gasolina quanto com etanol. Por isso, na calibração do sistema eletrônico de injeção, os técnicos “seguraram” a potência dentro deste limite na versão LX (atuando tanto na mistura ar/combustível quanto na curva de avanço do motor) – um entre vários absurdos das leis desse país. O fato é que o Linea melhorou bem com o novo motor, que, apesar de mais moderno, tem um custo de produção inferior ao do antigo. Mas a verdade é que essa realidade não se refletiu na redução do preço final do carro: a versão LX custa agora a partir dos R$ 55.450 (nas fotos, o LX Dualogic, vendido por R$ 58.430). A versão top com este motor, Absolut Dualogic, sai por R$ 67.030. Daria para melhorar.