01/12/2007 - 0:00
0 a 100 km/h – 5s5
máxima – 282 km/h
115.000 euros
Com a apresentação de seu modelo GranSport e de sua transmissão Cambiocorsa, a Maserati provou que é capaz de criar um cupê de primeira grandeza, que ande como Ferrari, Porsche ou Lamborghini. Agora, com a GranTurismo, a marca volta às suas origens. A intenção desta vez é reviver a imagem da marca, conquistada com uma série de modelos de sucesso, esportivos e elegantes, a partir da 3500 GT de 1957.
E quem melhor que a Pininfarina para dar coerência e continuidade a essa filosofia? Qual outro estúdio de design poderia interpretar, com tanto rigor, o convívio entre a inovação e a tradição histórica da Maserati no granturismo?
Basta observar as linhas do modelo para ver que eles acertaram em cheio. A grade pronunciada, os pára-lamas contornando as enormes rodas e a traseira construída em torno do originalíssimo conjunto ótico. Um design perfeito!
O tricampeão de Fórmula 1 Alain Prost foi nosso colaborador especial neste teste e experimentou as potencialidades da Maserati GranTurismo. “O motor é a parte mais prazerosa deste carro”, afirmou
Já no interior, o misto de esportivo com “sedã” de grande luxo não rendeu bons resultados. Falta a atmosfera típica da marca. Mostradores pequenos, visibilidade comprometida. Nem a instrumentação (a mesma da Quattroporte) entusiasma: não há nenhuma caracterização particular e as informações são as mesmas que se pode encontrar em qualquer três volumes de bom nível. Por sorte, o Maserati Multi Media System enriquece o painel com uma tela de sete polegadas de alta resolução na qual se visualiza as funções do leitor de CD, do navegador e do computador. Um hard disk de 30 GB permite que se memorize até 180 horas de música.
Mas, ao dar a partida, aquela atmosfera que faltava se materializa no habitáculo, criada pelo irresistível som do motor V8 4.2 (405 cv) que ruge sob o capô. Para ajudá-lo não temos a violenta transmissão mecânica automatizada Cambiocorsa, que equipa a versão mais esportiva, mas uma caixa de seis marchas da ZF, com conversor de torque desenvolvida para garantir uma dirigibilidade mais doce e confortável. Uma unidade sofisticada e moderna, capaz de adaptar as trocas em função do estilo de condução e do tipo de percurso, sem renunciar à seleção manual, que pode ser feita através das borboletas no volante. “O motor é parte mais prazerosa deste carro e o câmbio se adapta bem às altas velocidades”, afirma Alain Prost, ex-piloto de F-1 e colaborador especial neste teste.
Na pista, se desfruta livremente da potência deste V8. Primeira, segunda, terceira e depois ainda quarta, quinta e sexta com o ponteiro do contagiros subindo com desconcertante facilidade até os 7.200 rpm. São apenas 5,5 segundos de zero a 100 km/h e 25 segundos para se chegar aos 215 km/h! Ainda mais impressionante é a forma como os pneus se agarram ao terreno, sob a ação prepotente dos freios Brembo. Ainda que o espaço de arrasto não seja dos melhores, a potência impressiona. “Os freios parecem um pouco no limite para um carro com esse desempenho”, pondera Prost.
Mas a reta de cerca de dois quilômetros da pista de Vairano (campo de provas da Quattroruote) parece pouco para nossa Maserati. Entramos na parte do circuito propriamente dito. Aqui deve emergir (se é que existe) a alma esportiva da GranTurismo. É verdade que essa não é sua vocação principal, mas a Maserati se move no circuito handling com um equilíbrio perfeito e com uma agilidade que parece incompatível com o seu relevante peso. O seu comportamento muda apenas quando se tenta experimentá-la perto do limite de equilíbrio. De repente, se manifesta uma cansativa tendência a alargar com a dianteira, comprometendo um pouco o caráter esportivo. “Essa Maserati vai bem na pista e passa segurança total. Uma verdadeira GT: estável e confortável. Não se encontra nenhum problema quando se desfruta até 80% de sua potencialidade. É um esportivo fácil de guiar”, afirma Prost. “Mas, quando se chega perto do limite, o carro manifesta uma marcante tendência substerçante”, completa.
“Um verdadeiro GT e, acima de tudo, confortável”, diz Alain Prost
Para revelar o melhor lado dessa Maserati, precisamos agora colocar suas rodas sobre uma estrada normal. Para essa ocasião, o melhor é deixar o câmbio em drive, com as trocas por conta da eletrônica. A GranTurismo deslizando no asfalto sem temor! Nessa situação, o ronco do V8 parece até menos assustador. A visibilidade, um pouco comprometida pelas formas da carroceria, tem grande auxílio do sensor de estacionamento traseiro (equipamento de série). Em relação ao conforto, a suspensão filtra bem as irregularidades do solo e os dois passageiros traseiros – normalmente negligenciados em modelos cupê – dispõem aqui de um espaço considerável para a cabeça e asa pernas. “O carro é, sobretudo, muito confortável”, sentencia Prost. O porta-malas é pequeno, um pouco menor que o de um carro compacto como o Gol (260 litros), mas a marca oferece um kit de malas, assinado pelo estilista Farragamo, sob medida para um aproveitamento melhor do espaço.
Chegamos a dois assuntos complicados quando se fala de um carro com mais de 400 cv: preço e consumo. O valor deste modelo (115 mil euros) é alto, mas não chega a destoar de outros esportivos de mesma classe. Já o consumo… Da mesma forma que não se deve perguntar a idade de uma mulher, não se deve questionar sobre o quanto “bebe” um Maserati. Mas o que se pode dizer é que, andando tranqüilo, sua média é aceitável.
O interior não surpreende. Oferece o mesmo que qualquer sedã deste nível. Além disso, os instrumentos têm leitura ruim. Mas o espaço traseiro é melhor que o esperado e o bagageiro, suficiente