Não poderia ser diferente. O sedã do Gol foi mesmo batizado de Voyage, como aconteceu em 1981, quando foi lançada a primeira versão do modelo. Cinco anos antes do lançamento do novo Voyage, em novembro de 2003, MOTOR SHOW já informava seus leitores que os planos de relançamento do sedãzinho existiam dentro da Volkswagen e que o nome seria mantido. Um nome forte dentro da história da Volks, que não poderia ser deixado para trás.

Mas, independentemente do nome escolhido para o novo carro, importante mesmo é que o sedãzinho chegou e tem tudo para assumir a liderança de seu segmento em um curto período de tempo. Com um projeto bem elaborado, tanto do ponto de vista técnico quanto do design, o Voyage se destaca dos outros sedãs.

Concebido paralelamente ao projeto do novo Gol, o Voyage guarda do hatch todas as suas qualidades: a plataforma (base mecânica sobre a qual é montada a carroceria), por exemplo, teve como ponto de partida aquela utilizada por Fox e Polo, mas foi alterada com o que há de mais moderno na Volkswagen mundial – como suspensão dianteira e caixa de direção (nesse caso, que permite regulagem de altura e profundidade do volante) – e com o que há de mais resistente, como a suspensão traseira do antigo Gol.

Uma combinação feliz que atendeu aos objetivos dos técnicos da marca: conciliar resistência mecânica, conforto ao rodar, bom comportamento dinâmico nas baixas e altas velocidades, aderência em curvas e estabilidade direcional em retas. Andando com o novo Voyage, pudemos comprovar, na prática, tudo aquilo que a teoria indicava. Verdade: ele é ótimo no contorno de curvas (mantém com segurança a trajetória e é previsível em suas reações); nas freadas mais bruscas, mantém a estabilidade da carroceria; e mostra segurança em suas reações nos desvios bruscos de trajetórias (quando você desvia de um obstáculo em situações de emergência, por exemplo). Andando em linha reta em velocidades mais altas, a carroceria se mantém estável, sem a necessidade de correções de trajetória. Tudo isso sem perder o conforto ao rodar. Um acerto de conjunto muito bem elaborado.

A traseira já estava pronta, mas precisou ser refeita em nome da melhor aerodinâmica e de uma estabilidade irrepreensível

Com relação ao novo Gol, sua carroceria ficou apenas 37 kg mais pesada, segundo informações dos engenheiros da marca. Positivamente, mesmo sem ser muito pesada, a carroceria do sedã mostrou uma rigidez torcional superior à do hatch: isso permite um trabalho mais preciso dos sistemas de suspensão/direção, melhorando ainda mais os bons resultados apresentados pelo hatch. Além disso, o porta-malas que caracteriza o sedã trouxe ainda outro benefício: um coeficiente de forma de 0,31 contra 0,34 do hatch. Um resultado muito bom para seu porte e preço.

Nessa fase do projeto, houve um fato interessante: durante o desenvolvimento do novo carro, um protótipo foi levado para a cidade de Wolfsburg, na Alemanha, onde a Volks tem um túnel de vento que permite experimentos com carros em tamanho natural. Iniciados os trabalhos de testes, visando um refino no perfil aerodinâmico, constatou-se um problema: havia uma instabilidade direcional da carroceria ocasionada por uma pressão negativa causada pela passagem do ar em velocidade no contorno do porta-malas. Havia duas soluções para o problema: ou se aumentava o peso da região do porta-malas (solução mais fácil naquele momento) ou se redesenhava a traseira, colocando- a em uma altura coerente com o fluxo de ar que passava naquela região, equilibrando o carro. A solução definida foi aquela tecnicamente correta. A traseira foi redesenhada com 15 mm a mais em sua altura. O novo protótipo mostrou-se equilibrado e o fluxo de ar passou a “vestir” toda a carroceria, melhorando a penetração aerodinâmica e a estabilidade do Voyage nas altas velocidades. Um problema que poderia fazer toda a diferença no final do projeto, mas que foi neutralizado graças ao recurso tecnológico do túnel de vento utilizado pela Volkswagen.

O painel do Voyage é exatamente igual ao do Gol. Na versão Comfortline avaliada, o volante de três raios integra os comandos do som e tem regulagem de altura e profundidade. O ar-condicionado é opcional, assim como o acionamento elétrico dos vidros traseiros

Oferecido com duas motorizações, 1.0 de 72/76 cv (gas/álc) com o maior torque da categoria (9,7/10,6 kgfm a 3850 rpm) e 1.6 de 101/104 cv (gas/álc) com torque máximo que surge a baixas 2.500 rpm (15,4/15,6 kgfm), a dirigibilidade da versão 1.6 avaliada é irrepreensível: as respostas ao acelerador são sempre imediatas. Segundo a VW, com um tanque de 55 litros de gasolina é possível fazer uma viagem da capital de São Paulo até Brasília (pouco mais de 1.000 km), sem reabastecimento. Uma autonomia invejável para qualquer segmento.

Além disso, a marca orgulha-se de oferecer um pacote de equipamentos opcionais muito completo para o segmento, que vai desde freios ABS e airbags frontais até rádio/CD com bluetooth e entrada USB e sistema I-System. Com quatro versões de acabamento (Voyage 1.0, Voyage 1.6, Voyage 1.6 Trend e Voyage 1.6 Comfortline) o novo carro deverá custar cerca de 5% mais caro que a versão hatch. Assim, o Voyage 1.0 de entrada custará em torno de R$ 31.000. A versão 1.6 Confortline (nas fotos) deverá custar cerca de R$ 41.000 com seu pacote básico de série (rodas aro 15, retrovisores na cor do carro, faróis de neblina, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e profundidade, acionamento elétrico dos vidros dianteiros, trava elétrica das portas, entre outros) e pintura sólida. Uma relação custo/benefício interessante.