Saíram os números de abril da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e, como era de se esperar, a coisa tá feia no mercado de automóveis, comerciais leves e caminhões. Todos os comparativos do primeiro quadrimestre (janeiro/abril) de 2015 com o mesmo período de 2014 revelam grandes quedas.

A pior situação é a do segmento de autoveículos pesados (caminhões e ônibus), que despencou de 41.345 para 25.090 unidades, uma banguela de 39,3%. Segundo Rogério Rezende, da Scania, vice-presidente da Anfavea, “as vendas de caminhões estagnaram porque a indústria estagnou, especialmente a de linha branca”. Já o segmento de autoveículos leves é dividido entre automóveis e comerciais leves. O número de licenciamentos de carros de passeio no primeiro quadrimestre passou de 884.521 para 725.229 unidades, uma desaceleração de 18,0%. Os comerciais leves (picapes, vans, furgões e caminhões pequenos) desceram 20,1%, passando de 170.972 para 136.544 emplacamentos.

Apesar dos números ruins, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, acredita que o pior cenário já passou. Segundo ele, houve um aumento de 8,2% nas vendas diárias de abril (11.540 autoveículos), o que é um bom sinal. Moan acredita que a culpa da crise está na indefinição das regras do ajuste fiscal pretendido por Joaquim Levy e assumido por Dilma Rousseff.
Ou seja: a indústria automobilística está refém do governo, que por sua vez é refém do Congresso, que por sua vez costuma decidir não exatamente levando em conta as necessidades do País, mas as próprias de cada deputado ou senador. Segundo o presidente da Anfavea, as montadoras não conseguem definir uma estratégia de comercialização sem que as regras do jogo estejam claras. Portanto, está todo mundo de olho no Congresso.

Como o blog República do Automóvel trata basicamente de carros de passeios e picapes, vamos analisar esses dois subsegmentos, que compõem o segmento de autoveículos leves.

Considerando só as montadoras que vendem picapes, temos três marcas com grandes volumes (Chevrolet, Fiat e Volkswagen) e mais três com pequenos volumes (Ford, Mitsubishi e Nissan) sofrendo quedas superiores a 10% no primeiro quadrimestre. Em números absolutos, quem mais deixou de vender picapes, vans e furgões foi a Fiat, com 16.798 licenciamentos a menos. Percentualmente, a lista das maiores quedas é a seguinte: Nissan (-59,3%), Fiat (-26,1%), Chevrolet (-21,9%), Ford (-18,5%), Mitsubishi (-14,2%) e Volkswagen (-10,1%).

Já no mundinho dos automóveis de passeio, cujo volume é cinco vezes maior do que o dos comerciais leves, as perdas mais expressivas (acima de 10%) abrangem nove marcas – quatro com grandes volumes (Chevrolet, Fiat, Renault e Volkswagen), quatro com médios volumes (Citroën, Hyundai Caoa, Mitsubishi e Peugeot) e uma com baixo volume (Mini). Em números absolutos, de novo, quem mais perdeu foi a Fiat: 54.362 carros. Mas as perdas da Volkswagen (43.282) e da Chevrolet (34.548) também são espantosas, apesar de esta última ter conquistado alguma participação de mercado. A lista das maiores perdas de 2015 é a seguinte: Citroën (-48,0%), Peugeot (-46,4%), Fiat (-31,8%), Volkswagen (-28,3%), Mitsubishi (-22,0%), Chevrolet (-21,9%), Hyundai Caoa (-17,2%), Renault (-16,8%) e Mini (-10,6%).

Não é nada, não é nada, essa paralisação nas vendas de carros vem derrubando a posição do Brasil no ranking mundial. Sem computar as vendas de abril, o País já caiu para oitavo lugar no primeiro trimestre. Enquanto isso, em Brasília, segue a ladainha do troca-troca de favores entre governo, deputados, senadores… e blá-blá-blá.