Um autêntico caso de “parece, mas não é”. O Fiat 500L parece o Cinquecento, mas não é. Bem mais longo, com 4,25 m, sua plataforma básica vem do Punto. Ele tem apenas alguns acessórios e adereços visuais para lembrar o pequeno 500. Também parece um hatch, mas não é. Sua arquitetura interna é de monovolume, apesar do capô pronunciado. Tanto que a Fiat do Brasil estuda sua produção nacional para substituir o Idea – o que ainda não é um consenso e tem causado certa discórdia dentro dos escritórios da marca.

Não bastasse essa confusão, rodamos com o 500L na pista de testes da Chrysler em Chelsea (Michigan, Estados Unidos), onde estava toda a linha de enormes V8 da marca e também os Fiat. A compra do fabricante americano pela italiana criou uma gama de produtos bastante diversificada. E até chocante. Descer de um Challenger V8 com 400 cv e tração traseira e entrar no 500L com seu 1.4 MultiAir turbo e tração dianteira exige algum tempo para se acostumar com tanta mudança de filosofia sobre rodas.

Fabricado na Sérvia, o 500L mira o mercado americano. Com filosofia europeia, o L é “grande por dentro”. Oferece espaço comparável ao de muitos sedãs da terra do Tio Sam, apesar de ser apresentado como “Small Station Wagon”. Por lá, são quatro modelos, do Pop (US$ 19.100) ao Lounge (por US$ 24.200), passando pelo Trekking, que equivale aos nossos Adventure.

O motor 1.4 Turbo 16V é bastante valente (162 cv a 5.500 rpm), principalmente devido ao sistema MultiAir, com comando eletro-hidráulico das válvulas de admissão, que permite um torque plano de 25,5 kgfm de 2.500 a 4.000 rpm, o suficiente para um carrinho pesado (1.453 kg). Ou seja, com câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas (há opção de transmissão manual, também seis marchas), o 500L é bastante agradável de dirigir, principalmente para quem gosta de se sentar em posição elevada, como nos monovolumes. Além disso, o MultiAir é muito econômico, ainda mais se comparado ao tradicional padrão americano, no qual um V6 é um motor “pequeno”. A ecologia e a economia de combustível finalmente começam a entrar na moda também nos EUA, por um motivo muito simples: o galão (3,78 litros) de gasolina já passou dos US$ 3,50.

Rodando nas pistas de testes da marca em Chelsea, a sensação ao volante (que conta com assistência elétrica) era exatamente a de um monovolume esperto e obediente, bom de curva devido à calibração “europeia” da Fiat. Como é relativamente alto (1,67 m de altura) e tem ampla área lateral, ventos cruzando a pista influenciam a dirigibilidade, principalmente em velocidades elevadas. Mas como não se trata de um esportivo, e sim de um carro familiar, os 180 km/h de velocidade máxima e a aceleração de zero a 100 km/h em 12,3 segundos são adequados à proposta desse “Quinhentão”.