Esqueça o Toyota Prius. Mais de 100 anos antes do modelo japonês, o americano Armstrong Phaeton estreava um inovador sistema de propulsão que combinava um pequeno motor a gasolina e outro elétrico.

Nesses primeiros anos da indústria automobilística, os motores a combustão interna ainda não haviam atingido o domínio que tem hoje. Era comum ver carros equipados com pequenas caldeiras a vapor e até com motores elétricos. E um dos entusiastas deste tipo de propulsor era o engenheiro elétrico Harry E. Dey, que projetou o Armstrong Phaeton.

A própria logística para construção do modelo seria algo impensável nos dias atuais. A Roger Mechanical Carriage Company encomendou o projeto do carro a Dey, que por sua vez recorreu a outra empresa, a Armstrong Electric, para construir um protótipo.

Naquela época (e ainda hoje), o principal problema dos carros elétricos era a pequena autonomia. Então a solução encontrada por Dey foi instalar também um motor a gasolina 6.5 de dois cilindros, que tinha como função recarregar as baterias e também contribuir para a propulsão da máquina. Enquanto isso, o motor elétrico funcionava também como motor de arranque para o propulsor a gasolina.

E para administrar este sistema de propulsão dupla, o engenheiro desenvolveu uma série de inovações tecnológicas que ainda demorariam décadas para aparecer em outros automóveis. A embreagem, por exemplo, era acionada por um sistema eletromagnético a cada troca de marchas, como em algumas caixas automatizadas atuais. Já a transmissão tinha as três marchas à frente sincronizadas. Algo que só se tornaria comum mais de meio século depois.

Infelizmente, apenas o protótipo foi produzido antes que a futura fabricante, a Roger Mechanical Carriage Company, fechasse as portas. Este exemplar único, que poderia ter mudado a história da indústria, vai a leilão em março, nos EUA, devendo atingir a marca de US$ 275 mil (o equivalente a R$ 1 milhão).