O Lexus CT 200h é interessante. Primeiro, porque marca a entrada da fabricante de luxo japonesa em um segmento mais compacto – o modelo tem o porte de um Hyundai i30 (apesar de parecer maior). Segundo porque, como o nome sugere, se trata de um híbrido, movido com gasolina e eletricidade. Além disso, há um estranhamento com relação à sua carroceria, que se estabelece em algum ponto entre um sedã e um hatchback: tem um terceiro volume destacado, mas de forma bem sutil.

A bordo, a posição de dirigir sugere uma esportividade não esperada, com assento baixo e acolhedor. Mas, apesar das surpresas positivas, o espaço traseiro é limitado, a visibilidade traseira é reduzida (compensada por sensores e câmeras), o porta-malas é pequeno por conta das baterias e os apoios de cabeça são grandes (projetados para efeito antichicote) e desconfortáveis.

No mais, é um típico Lexus: silencioso, bem-acabado, confortável, com amplos ajustes dos bancos e absoluta ergonomia – com destaque para as funções da central multimídia, selecionadas por uma espécie de mouse. O mesmo já não se pode dizer da alavanca de marchas, que exige um período de adaptação mais longo, principalmente para “encontrar” a posição B, que aumenta o freio-motor com maior regeneração de energia. Recomendada para cidades, ela praticamente dispensa o uso do freio em congestionamentos (basta tirar o pé do acelerador que o carro para) e ajuda a manter as baterias com carga, o que, no fundo, é a grande diversão de dirigir um híbrido.

Em movimento, o CT 200h oferece o mesmo que seus pares: silêncio quase absoluto em baixas velocidades e a possibilidade de rodar sem gastar combustível. O sistema é o mesmo do Toyota Prius, com um motor 1.8 ciclo Atkinson e um propulsor elétrico. Há três formas de condução: a Eco e a Sport, além de usarem mais ou menos o motor a combustão, modificam o painel de instrumentos. Na função Eco, aparece um medidor do uso da bateria. Na Sport, ele é substituído por um conta-giros. E há ainda o modo EV, com o qual você determina ao carro que rode só com energia elétrica – mas isso só irá funcionar se a bateria estiver bem carregada e acelerar de leve. Juntos, os dois motores geram 136 cv, garantindo um desempenho adequado, que se destaca pela suavidade. Como o carro pesa pouco mais de 1.400 kg, a sensação é de estar a bordo de um bom hatchback 1.6. A transmissão sem relações de marcha predefinidas colabora para uma certa lentidão e para a pouca emoção ao volante.Dinamicamente, o carro é estável, as suspensões trabalham em silêncio e incomoda só a modularidade dos freios, que demoram a responder – o que, no entanto, é uma característica de todos os modelos com recuperação de energia.

O Lexus, enfim, cumpre sua função de ser um carro confortável, refinado e econômico. Por R$ 149 mil, é uma boa opção de híbrido, principalmente se comparado com o “primo pobre” Toyota Prius, que, por R$ 120 mil, é muito inferior em acabamento e luxo. Seus outros rivais, o novo Fusion e o Kia Optima nas versões híbridas, ainda não começaram a ser vendidos.