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No fim do ano passado, publicamos uma reportagem especial sobre o futuro dos carros autônomos ou carros-robôs – aqueles capazes de se dirigirem sozinhos. Inimagináveis há alguns anos, eles estão muito próximos de virar realidade. Independente de gostar ou não deles, não há como negar que são tecnologicamente fascinantes. Diferentes fabricantes de estão com protótipos totalmente funcionais prontos, e já tem carros de linha circulando por aí com sistemas que fazem parte do “cérebro” de alguns carros-robôs, como frenagem automática, piloto automático adaptativo e alerta de mudança involuntária, entre outros. E não são apenas fabricantes de carros: Google e Apple (leia aqui reportagem sobre o Google Car e, mais abaixo, veja como funciona), dois gigantes da tecnologia, estão investindo pesado para – quem sabe – passar à frente nessa corrida pelo carro autônomo. 

Mas saiba que se os carros-robôs não estão nas ruas hoje, a culpa é toda nossa – afinal, somos humanos e imperfeitos – e dirigimos  mal. Com nossa insegurança, nossas idiossincrasias e “espertezas”, atrapalhamos a perfeição dos infalíveis robôs.

Quer uma prova? Desde 2009, os protótipos de carros autônomos do Google percorreram mais de 1.200.000 quilômetros na Califórnia e Nevada, nos EUA. Desde então, segundo a empresa, eles se envolveram em apenas 16 acidentes de trânsito – e em todos eles a culpa foi do outro carro, dirigido por um humano. Na maior parte das vezes, foram colisões leves, daquelas que só amassam o para-choques. Em grande parte delas, motoristas distraídos bateram atrás do carro do Google.

Mesmo em alguns desses casos, a culpa foi do “piloto de segurança” que estava dentro do carro. O último acidente, agora em agosto, o carro do Google reduziu a velocidade por ter “visto” um pedestre e ia frear. Mas o humano ali dentro, com seus medos e inseguranças, achou melhor ajudar e freou muito forte. O cara que vinha atrás não conseguiu parar tão rápido e acabou batendo. Não tivesse o motorista interferido, a frenagem seria mais suave e o motorista atrás teria mais espaço para parar.

Há um único caso em que o Google assume a responsabilidade pelo acidente. Em agosto de 2011, um carro autônomo da empresa colidiu com outro carro – mas o sistema autônomo estava todo desligado, e o veículo estava sendo dirigido por um funcionário. Outra falha humana.

Um outro exemplo do conflito homem-máquina acontece entre a prudência dos carros-robôs e a imprudência humana. O sistema de piloto automático adaptativo, por exemplo, deixa uma distância mínima de segurança para o carro da frente. Mas o motorista humano ”cola” demais no carro da frente. Resultado: se você ativa esse sistema, os carros da outra faixa ficam se enfiando no espaço entre seu carro e o da frente, acabando com toda a segurança da situação. E isso acontece tanto que tenho evitado usar o sistema em estradas que não sejam de pista única.

Em outra situação, o carro do Google ficou “empacado” em um cruzamento. Era um daqueles comuns nos EUA, onde todos os carros tem que parar e, depois, cruzar na ordem de chegada. O carro do Google chegou, parou, e ficou esperando uma oportunidade de cruzar. Os outros motorista – humanos e mal educados – não respeitavam a regra e não paravam completamente. Enquanto ninguém parou, o carro-robô também ficou parado, esperando sua vez, em vão.

O último obstáculo à consolidação dos carros-autônomos, portanto, somos nós, humanos e imperfeitos. Os carros-robôs precisam aprender como lidar com essas situações. Afinal, mesmo que ocorram mais acidentes por culpa dos humanos nos outros carros, a tendência é que decidam culpar os pobres (e infalíveis) cérebros eletrônicos. E os fabricantes não querem assumir responsabilidade jurídica por algo que não está sob seu controle.

 

CONFIRA COMO FUNCIONA O PROTÓTIPO DO GOOGLE CAR: