28/11/2017 - 8:00
O Renault Kwid é atualmente o automóvel de entrada da marca e um dos mais acessíveis do mercado brasileiro. E tive a oportunidade de avaliar uma unidade gentilmente cedida pela montadora.
Com preços que partem de R$ 29.990, o Kwid mais simples, na versão Life, traz apenas desembaçador traseiro, indicador de troca de marcha, abertura interna do porta-malas, airbags dianteiros e laterais, ABS e Isofix. O exemplar que eu avaliei é da configuração intermediária Zen, que sai por R$ 36.490 e é bem mais equipadinha. Nela, o Kwid que traz também ar-condicionado, direção elétrica, vidros dianteiros elétricos, travas elétricas, rádio AM\FM e limpador traseiro.
O carro avaliado veio abastecido com etanol. E a primeira surpresa começou aí: mesmo com o consumo mais alto utilizando o combustível vegetal, o consumo de combustível foi agradavelmente baixo mesmo no pesado trânsito da cidade de São Paulo. Segundo o Inmetro, o Kwid tem consumo médio urbano de 10,3/14,9 km/l (etanol e gasolina, respectivamente) e rodoviário de 10,8/15,6 km/l.
A minha dúvida estava no quesito desempenho: como seu motor de três cilindros é uma versão simplificada do propulsor 1.0 SCe que equipa os Sandero e Logan (que desenvolvem 82/79 cv), me preocupava que os contidos 70/66 cv do Kwid pudessem comprometer a performance em rodovias, pois na cidade o carro mostrou-se ágil em todas as situações de tráfego. Mas isso de fato não ocorreu. Pesando pouco menos de 800kg, uma massa bem moderada para um carro de seu porte, sem dúvida seu baixo peso acabou criando um bom conjunto no desempenho: pesando menos, praticamente anulou-se o rendimento contido de seu motor tricilindrico.
E para aqueles que temiam pela segurança do carrinho da Renault, um engano: nos crash-tests do Latin NCAP (organização independente que avalia a segurança dos carros comercializados na América Latina), o Kwid recebeu três das cinco estrelas possíveis (leia mais aqui). Um bom resultado, principalmente se considerarmos que modelos que lideram as vendas do mercado nacional não receberam uma estrela sequer. A Renault conseguiu fazer um carro leve e barato que consegue obter razoáveis resultados de segurança nos acidentes de impacto. Além disso, devemos considerar que, desde a versão de entrada, o Kwid já vem equipado de série com airbags laterais.
Com relação à funcionalidade, devemos comparar o Kwid com concorrentes próximos no mercado. Na distância entre-eixos, por exemplo, ele possui o mesmo número apresentado pelo VW up! (de 2,42 m), que projeta um espaço interno semelhante entre esses dois modelos. No porta-malas, com 290 litros, ele mostra uma capacidade maior a de Gol e Onix, carros de categoria superior. Fatos que me chamaram a atenção: o bom vão-livre do solo, que permite ao carro passar por valetas e lombadas sem raspar a parte de baixo. Além disso, ele mostrou bom ângulo de entrada e saída. Um carrinho realmente versátil.
Mas também existem críticas: a primeira delas se refere aos bancos dianteiros, que são estreitos e têm assentos muito curtos. A outra crítica fica por conta do sistema de direção: tem-se a impressão de que falta cáster na suspensão dianteira, pois, em linha reta, o carro exige que se façam correções constantes na direção, passando um ar de instabilidade à quem dirige. Outra coisa que observei foi a limitação do sistema de som: o projeto original do carro permite apenas dois alto-falantes no painel, fato que torna apenas sofrível a qualidade do áudio original.
No mais, o Kwid é um carro econômico tanto na hora de comprar quanto na de abastecer e seu desempenho é surpreendentemente bom, principalmente quando observamos a potência e o torque de seu pequeno motor. Mas, tudo isso foi compensado pelo baixo peso do conjunto.
Um carro situado no seu tempo e ideal para pessoas solteiras, casais sem filhos ou com crianças pequenas, e ainda para pessoas que necessitam de um carro econômico e de baixo custo de manutenção para seu trabalho. Gostei muito desse novo carrinho e espero que venham projetos semelhantes de outros fabricantes. O consumidor agradece.