Com a “invasão” de montadoras chinesas no mercado automotivo nacional, o Brasil registrou um crescimento de 560% em valores nas importações de veículos elétricos.

Segundo um levantamento da Logcomex, empresa de soluções de tecnologia para planejar, monitorar e automatizar as operações do comércio global, as importações de veículos a bateria passaram de US$ 184,3 milhões no 1º semestre de 2023 para US$ 1,2 bilhões no 1º semestre de 2024.

A companhia destaca que no 2º semestre de 2023 já havia um aumento para US$ 281 milhões, o que reforça o aumento contínuo nas importações desse segmento.

Além das opções elétricas, as importações de automóveis com sistemas somente a combustão ou híbridos também registraram um crescimento significativo. Em 2024, o valor saltou de US$ 11,6 milhões registrados em 2023 para US$ 1,2 bilhão, um aumento de mais de 10,25%. O volume registrado no 2º semestre de 2023, de US$ 439 milhões, já indicava essa tendência de alta.

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O que explica a alta de importações?

Segundo a Logcomex, esse movimento pode ser explicado por uma combinação de fatores. A economia de combustível, especialmente diante dos altos preços da gasolina, a introdução de novas tecnologias e os incentivos fiscais oferecidos por diversos estados têm sido determinantes para ampliar o acesso e a atratividade dos veículos elétricos e híbridos entre os consumidores.

“A redução da isenção do imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento da indústria nacional e fortalecer o mercado interno,” afirma Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex.

Houve, desta maneira, a aceleração de importação por parte, principalmente das chinesas, de ter estoques até que consolidem suas fábricas no Brasil.

A retomada progressiva de tributação irá variar de acordo com os níveis de eletrificação. Veja abaixo:

  • Híbridos: Para os carros híbridos convencionais (com motor elétrico auxiliar que ajudam na autonomia e redução no consumo de combustível), a alíquota do imposto iniciou com 15% em janeiro de 2024, passou para 25% em julho, chegará a 30% em julho de 2025 e vai alcançar os 35% em julho de 2026.
  • Híbridos plug-in: Em relação aos híbridos plug-in (que são recarregáveis), estava em 12% desde janeiro de 2024, foi para 20% em julho de 2024, será 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.
  • Elétricos: Para os elétricos (100% a bateria), foi de 10% (janeiro de 2024), passou para 18% (julho de 2024), será de 25% (julho de 2025) e depois 35% (julho de 2026).
  • Transporte de carga: No que tange “automóveis elétricos para transporte de carga”, ou caminhões elétricos, a taxação começou em 20% em janeiro e chegou aos 35% em julho de 2024.

Fator China

A China, que já era um parceiro estratégico do Brasil, consolidou-se como o maior fornecedor de produtos automotivos para o mercado nacional. Para exemplificar, no segundo semestre de 2023, suas exportações representavam 24% do total de veículos importados pelo Brasil. O percentual saltou para 52% no primeiro semestre de 2024.

Vale mencionar também que Europa e Estados Unidos buscam barreiras tarifárias aos veículos chineses, o que favorece outros mercados como o Brasil.

“A ascensão da China como principal parceiro comercial do Brasil no setor automotivo é um reflexo direto da competitividade e inovação da indústria chinesa, além de uma estratégia de mercado que responde à crescente demanda por veículos eletrificados,” completa Hofstatter.

As projeções para o segundo semestre de 2024 e o início de 2025 indicam um crescimento de mais de 6% na produção e nos emplacamentos, aproximando-se de 2,5 milhões de unidades. As exportações também devem aumentar 0,7%.