COURIER 1.6 L, SAVEIRO CITY 1.6, MONTANA 1.4, STRADA FIRE 1.4

Assim como a feijoada e a caipirinha, as picapes deste comparativo são produtos genuinamente brasileiros. Derivadas de modelos compactos, foram criadas no Brasil. A primeira foi lançada em 1978, a Fiat 147 Pick-up, criação da engenharia da marca italiana, derivada do compacto 147.

Com o sucesso da Fiat, outras montadoras correram atrás do prejuízo: em 1982, a Ford lançou a Pampa, derivada do Corcel, e a Volkswagen apresentou a Saveiro, da família Gol. A GM foi a última, quando em 1984, a partir do Chevette, desenvolveu a Chevy.

Hoje o cenário mudou, e comparamos aqui quatro modelos das mesmas marcas. A Saveiro manteve o nome, mas está na quarta geração. A Fiat mudou este ano a Strada Fire 1.4, que ganhou o design das versões mais caras, aposentado no Novo Palio. Também este ano a Courier ganhou o motor 1.6 flex, mas continua com o design do Fiesta aposentado em 2003.

A maior novidade, e também o desenho mais atual, está na Montana: o novo motor 1.4, que a tornou competitiva diante das demais. Antes oferecida só na versão 1.8, era cara e vendia pouco. Os resultados da versão 1.4 foram sentidos já no mês de lançamento, julho, quando a GM triplicou as vendas da picape.

Tentamos avaliar aqui as versões de entrada, mas algumas montadoras não as tinham “peladas”. As rodas e o CD player da Montana, por exemplo, são opcionais. Assim como na Saveiro são opcionais antena no teto, santo-antônio, espelho, grade e párachoques na cor do veículo, máscara negra nos faróis, conta-giros, calotas e fiação para som (tudo reunido no atraente pacote Trend, vendido por R$ 575). Na verdade, nestas versões, quase tudo é opcional (para se ter uma idéia, a Montana é a única com conta-giros de série). Confira na tabela de equipamentos quais os principais itens de série e quanto custam alguns opcionais. Acima, você vê o preço (SP) das versões básicas e quanto passam a custar com os ar-condicionado, direção hidráulica e vidros e travas elétricas.

Em comum, o que todas elas oferecem é espaço para dois passageiros e caçambas que muitas vezes equivalem em tamanho – ou até superam – as de picapes grandes com cabine dupla. Mas as características variam de um modelo para outro e, antes de escolher, fique atento para suas prioridades.

O que você carrega? Sacos de cimento, diariamente, ou só uma bicicleta nos finais de semana? Ou, ainda: é um jovem casado, sem filhos, que só quer abrir mão de dois lugares para comprar um carro mais barato?

Para o primeiro caso, do trabalho pesado, a melhor opção é a Courier. Com motor 1.6, relação de marchas reduzida e o maior torque, ela é até incômoda de dirigir, saindo com muita força quando se tira o pé da embreagem. Pelo mesmo motivo, é a mais qualificada para circular com a caçamba lotada (e também dona da maior caçamba). Além disso, é a mais potente, com 107 cv quando abastecida com álcool.

A Courier é a melhor escolha para o trabalho pesado e tem a maior caçamba. A Montana vence em preço e design

Já para quem procura um carro para levar pouco peso, a Montana é sem dúvida a picape certa. Tem os melhores acabamento e desempenho, além de mais espaço na cabine, atrás dos bancos – para levar uma mochila ou até uma mala pequena. O novo motor 1.4 é uma bela surpresa. E ela tem o menor preço, desde a configuração básica até a mais completa.

A Saveiro também tem motor 1.6, mas sente o peso da idade do projeto: os ruídos do motor são excessivamente sentidos na cabine, a caçamba tem a menor capacidade e a dirigibilidade não é das melhores. Em compensação, é a que acelera mais rápido e a alavanca de câmbio curta tem engates precisos. E, por cerca de R$ 400 a mais, oferece o motor 1.8, mais potente.

A Fiat Strada acena com a suspensão mais confortável, maior lista de opcionais e boa visibilidade, mas seu motor 1.4 tem potência e torque inferior às demais, o que resulta em maior dificuldade para rodar com a caçamba lotada. O acabamento deixa a desejar, com lataria exposta atrás dos bancos. Ela fica mais interessante com a cabine estendida, mas cobra cerca de R$ 4 mil por isso e a caçamba diminui. Conclusão: nas versões de entrada, para o trabalho pesado, fique com a Courier. Para todo o resto, escolha a Montana.

O banco alto demais faz a perna raspar no volante. No lado do passageiro, o painel recuado proporciona um espaço maior

Os detalhes prateados, assim como retrovisores, pára-choques e grade dianteira na cor do veículo são parte do pacote Trend

O acabamento interno é bom, e a posição de dirigir é a melhor da categoria. É a única com contagiros em todas as versões

A posição de dirigir é confortável. O airbag duplo é opcional – ela e Saveiro são as únicas que oferecem o acessório

* diponível apenas na versão top de linha

** em pacote, com protetor de cárter, ar quente e antena no teto

*** em pacote, junto com iluminação da caçamba

**** apenas no pacote Trend (veja no texto)

Ford Courier 1.6 L

Na Courier, o acesso à caçamba é facilitado pelos grande apoios para os pés na traseira. O espaço atrás do banco é pequeno, mas a marca oferece como opcional a rede mostrada na foto, para ajudar a guardar objetos. Com bancos altos, dá até aproveitar o espaço debaixo deles

Com 2,83 metros de entreeixos, a Courier tem a maior caçamba do comparativo. Mas a beleza não é mesmo seu forte

VW Saveiro City 1.6

A Saveiro é a única que não tem apoio para os pés atrás da tampa da caçamba. O estepe fica atrás do banco do passageiro, roubando parte do espaço para bagagem. A regulagem de altura do banco do motorista é item de série, mas o movimento do banco é bastante limitado

A Saveiro tem a menor caçamba, e entreeixos cerca de 13 cm menor que os da Montana e da Strada. As calotas são opcionais

GM Montana Conquest 1.4

A caçamba da Montana é a mais funda, mas no comprimento e na largura perde de todas as concorrentes. Em compensação, é a que oferece o melhor acabamento interno e o maior espaço atrás dos bancos. O estepe fica escondido debaixo da caçamba

As rodas na Montana são opcionais. O desenho é o mais moderno, mas a caçamba alta prejudica a visibilidade traseira

Fiat Strada Fire 1.4 Flex

Na Strada, uma boa solução para a maçaneta da tampa traseira, “disfarçada” como logotipo da Fiat. A cabine merecia um melhor acabamento. pois a lataria exposta causa má impressão. Os bancos se movem por inteiro, facilitando o acesso ao (pequeno) espaço atrás deles

Com o novo design da versão Fire a Strada ficou mais atraente. O estepe vai na caçamba, o que facilita a ação dos ladrões