Num mercado em queda, ficar parado é uma grande vantagem. E perder menos que os adversários também. Por isso, a Chevrolet foi a grata surpresa do primeiro trimestre de 2015. A centenária marca da General Motors, que estreou no Brasil há nove décadas, não apenas liderou as vendas de automóveis em dois dos três primeiros meses do ano como encerrou o primeiro trimestre na liderança do segmento, além de reduzir para 2,2% sua diferença para a líder Fiat na soma de automóveis e comerciais leves. Essa distância era de 4,9% no primeiro trimestre de 2014.

Tanto o bom fôlego da Chevrolet como a permanência da Fiat na liderança têm boas explicações. A empresa italiana mantém sua hegemonia no Brasil devido ao fantástico desempenho da picape Strada, que foi o veículo mais vendido do País em março (9.946 emplacamentos), superando até mesmo o Chevrolet Onix (9.548) e o Fiat Palio (9.232). Graças à Strada, a Fiat tem o dobro de participação da GM entre os comerciais leves. Mas, quando o assunto é automóvel de passeio, o Onix se destaca como o mais forte adversário do Palio para buscar o título de carro mais vendido do Brasil. Afinal, na soma do primeiro trimestre, o Onix já alcançou 29.923 vendas, uma diferença de 2.944 carros para o Palio. Para se ter uma ideia, na mesma altura do ano passado, o Palio tinha 10.094 vendas a menos que o Volkswagen Gol e chegou a estar 11.955 atrás, mas ainda foi o campeão da temporada.

A verdade é que o designer Carlos Barba acertou a mão no projeto da dupla Onix/Prisma, agradando em cheio aos consumidores da classe média. Somadas as vendas das versões hatch e sedã, os Chevrolet Onix/Prisma já venderam 48.712 unidades, apenas 1.743 a menos que os Fiat Palio/Siena (50.455). Números robustos, se considerarmos que os outrora imbatíveis VW Gol/Voyage obtiveram apenas 34.599, que na terceira posição vêm os Hyundai HB20/HB20S com 37.239 e que os empolgantes Ford Ka/Ka+ somaram 31.285. Em 2014, a dobradinha Onix/Prisma rendeu 239.202 licenciamentos para a GM do Brasil.

Como escrevi no Blog República do Automóvel em 28 de janeiro, a marca Chevrolet terá uma injeção de R$ 6,5 bilhões no Brasil até 2019, para o lançamento de novos modelos. Sem nome definido (ou conhecido), o carro que virá do Projeto Jade substituirá o cansado Celta e, a partir de 2017, terá uma produção de 300.000 unidades/ano na fábrica de São José dos Campos (SP). Mesmo sabendo que boa parte desse montante irá para a exportação, não seria exagero apontar a Chevrolet como possível líder do mercado brasileiro no final desta década.