Só há dez anos, a VW, que sempre foi uma coadjuvante no salão de Detroit, conseguiu chamar a atenção do mundo. Pela primeira vez em sua história, apresentou o conceito de uma picape média, o AAC. O utilitário com cabine dupla foi criado em parceria com a Porsche e tinha motor biturbo V10 diesel de 313 cv, transmissão automática de seis marchas Tiptronic, tração 4×4 e um design moderno.

Em maio de 2002, a MOTOR SHOW publicou, com exclusividade mundial, a notícia de que a picape ganharia as ruas. Mas alguma coisa atrasou o projeto e a demora foi tanta que muitos concorrentes apostavam que ele jamais sairia do papel. Mas, há alguns anos, no maior salão de caminhões do planeta, o de Hannover, o mundo pode conhecer as primeiras formas de nitivas da picape.

Entrar no segmento de picape em pleno século 21 é um desa o e tanto. Sem DNA para isso, nenhuma europeia ousou criar um projeto para enfrentar as líderes de mercado mundial neste segmento, como Toyota, Mitsubishi, Nissan e principalmente as americanas Ford, GM e Dodge.

Mas esse mercado de picapes médias movimenta mais de dois milhões de veículos por ano em todos os continentes, e isso é um incentivo e tanto para quem tem a pretensão de ser líder mundial na próxima década. Antes de seu lançamento, pouco mais de uma dúzia de jornalistas de todo o mundo pôde dirigir a picape na região de Córdoba, na Argentina.

O test drive foi cercado de mistério. Os jornalistas só conheceram o caminho no momento de pegar a picape. Para afastar os curiosos e mostrar a e ciência do veículo, o local escolhido foi de difícil acesso e, além das proibições de fotografar e lmar a picape, para não dar sopa ao azar, a VW decidiu camu ar os veículos com adesivos na frente e atrás, chegando a ponto de colocar um logotipo muito semelhante ao da japonesa Mitsubishi, só que de cabeça para baixo, para enganar os fotógrafos “caça-segredos”.

A Amarok chegará ao mercado na versão cabine dupla. A cabine simples está prevista para entrar em produção daqui a um ano. Para criar sua primeira picape, a VW não poupou tempo nem dinheiro. “A ordem na empresa era que precisávamos criar a melhor picape do segmento”, conta um engenheiro da matriz que pediu para não ser identi cado. “Desde o começo do projeto compramos e comparamos dezenas de picapes concorrentes como S10, Ranger, L200, Frontier e Hilux.

A ideia era buscar o que cada uma tivesse de melhor e fazer a nossa superior em cada item. Mas logo que colocamos os veículos para rodar em condições extremas no deserto dos Estados Unidos, as picapes foram cando pelo caminho. A que reuniu as melhores notas de espaço interno, conforto, durabilidade e desempenho segundo os requisitos da engenharia da VW foi a Hilux”, completa.

A partir daí toda a artilharia alemã foi direcionada para os japoneses da Toyota. Começava então a “Operação Hilux”, que consistia em ser melhor em todos os quesitos. Durante o percurso, a picape se mostrou ágil. O motor que chega para o lançamento é um 2.0 turbodiesel de 163 cv de potência. No nal de 2010, vem o segundo motor, também diesel de quatro cilindros, mas com 122 cv. Ainda que a VW não con rme, está em gestação ainda um motor a gasolina e um ex para os próximos anos. O câmbio é manual, de seis velocidades, mas uma versão automática também está nos planos da empresa para um futuro próximo.

A Amarok será lançada com dois tipos de tração: integral não permanente e tração traseira. A tração 4×4 é acionada por meio de um botão e o torque é dividido igualmente para os dois eixos. Para situações mais difíceis, a picape conta com a reduzida.

A versão oferecida ao mercado brasileiro se chamará Highline e tem detalhes cromados no exterior e interior e molduras das caixas das rodas alargadas, pintadas na cor da carroçeria, alojando rodas de alumínio de 18″. Além disso, vem também com ar digital, revestimento dos bancos e detalhes de acabamento em couro. Internamente a Amarok tem o maior espaço interno do segmento, principalmente para as pernas dos passageiros do banco traseiro, uma verdadeira raridade neste tipo de veículo.

O painel é claro, bonito e ergonômico. Confortável, a sensação que se tem ao dirigir a Amarok é a de que se está em um sedã. Mas o espaço interno não fez a caçamba diminuir. São 2,52 m2 de área útil, a maior da categoria, o que faz a capacidade de carga chegar a 1.150 quilos. É cedo para falar em preço. Mas, de nindo a Hilux como principal concorrente, não espere nada muito abaixo dos R$ 100 mil.