A Revolução Russa de 1917, que completou 100 anos nessa semana, resultou na criação da primeira nação socialista do planeta e mudou a história do mundo no Século 20. Mas, quando o assunto é carro, as nações do antigo bloco comunista não foram tão revolucionárias. Basta lembrar dos Lada que tivemos no Brasil nos anos 1990, que eram tudo menos tecnologicamente avançados. Apesar de todas as limitações, os fabricantes do lado de lá da Cortina de Ferro também conseguiram fabricar alguns automóveis que eram interessantes mesmo para o padrão dos países capitalistas. Confira alguns deles a seguir.

ZIL 111
Reprodução/Favcars

Olhe para a foto e você verá um carro que é americano em todos os sentidos. Exceto pelo fato de que o ZIL 111 era feito na União Soviética. Exclusivo para os dirigentes da alta cúpula do Partido Comunista, o modelo feito entre 1959 e 1963 era construído praticamente à mão e estava disponível nas carrocerias limousine e conversível. O motor era um 6.0 V8 de 200 cv e o 111 trazia itens exclusivos dos carros de luxo da época, como o ar-condicionado, vidros elétricos e câmbio automático.

GAZ GL-1
Reprodução/Internet

Muitos anos antes da Guerra Fria, os fabricantes de automóveis dos Estados Unidos deram uma contribuição decisiva para o desenvolvimento da indústria automobilística da União Soviética. Um dos frutos desse esforço foi o GL-1, um esportivo feito em 1938 que combinava partes dos Ford Modelo A e 40B (ambos produzidos sob licença pelos soviéticos) e um motor Chrysler de seis cilindros e 100 cv, que levava o carro a 162 km/h.

Lada Niva
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Não é exagero dizer que o utilitário da marca russa é o pai de todos os SUVs compactos. O modelo, lançado em 1977, foi um dos primeiros a combinar uma carroceria fechada, com formas típicas dos hatches da época, ao sistema de tração 4×4. E 40 anos depois, o modelo continua em produção, praticamente sem mudanças.

SMZ S-3A/D
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A fábrica soviética SMZ iniciou em 1958 a produção de um microcarro específico para cadeirantes e pessoas com dificuldades motoras. Os carros eram cedidos pelo governo por um prazo de cinco anos. Passado esse prazo, o automóvel era devolvido e o beneficiário recebia um novo, do mesmo modelo. Curiosamente, os carrinhos da SMZ duraram mais do que a União Soviética e saíram de linha só em 1997.

Tatra 603
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A Tatra, da então Tchecoeslováquia, era famosa pelos seus modelos com desenho incomum. E essa tradição se manteve mesmo depois da tomada de poder pelos comunistas. Produzido entre 1956 e 1975 apenas para os dirigentes do Partido, o sedã 603 tinha uma carroceria com desenho que se assemelhava a um disco voador e era equipado com um exótico motor 2.5 V8, posicionado na traseira e refrigerado a ar.

Skoda Rapid
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Fabricado entre 1984 e 1990, o cupê compacto de tração traseira foi oferecido ao longo da sua vida com pequenos motores de potências entre 55 e 63 cv. Mas as suas características dinâmicas foram elogiadas na época pela revista britânica Autocar, que descreveu o carro como um “Porsche de pobre”.

BMW 340
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Sim. Você não leu errado. Uma montadora estatal da Alemanha Oriental chegou a fabricar carros da famosa marca alemã, sem a autorização da marca. Lançado em 1949, o BMW 340 era um BMW 326 pré-Segunda Guerra reestilizado, que inclusive utilizava o mesmo motor 2.0 de seis cilindros em linha do carro que lhe inspirou. O modelo só ganhou o nome de EMW 340 em 1952, após a BMW exigir na Justiça a mudança de nome da marca alemã-oriental.

Melkus RS 1000
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Usando peças de Trabant e Wartburg, o piloto alemão-oriental Heinz Melkus produziu entre 1969 e 1979 o Melkus RS 1000, um esportivo com carroceria de fibra de vidro equipado com um motor 1.0 de três cilindros e dois tempos, que desenvolvia e 69 cv.

VEB Sachsenring Trabant
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Produzido em quatro variantes (500, 600, 601 e 1.1), que se diferenciavam por mudanças na carroceria e motorização, o Trabant foi produzido entre 1957 e 1991 e durou quase o mesmo que o estado em que era produzido, a Alemanha Oriental. Com sua carroceria de plástico reforçado com fibras de algodão e o interior extremamente minimalista, era a antítese dos Mercedes-Benz e BMW feitos no ocidente. Durante a maior parte da sua vida, foi equipado com motores de dois cilindros e dois tempos. Os últimos, porém, eram equipados com motores 1.1 de quatro cilindros do VW Polo da época.

Horch P240
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Uma das quatro argolas que compõe o logotipo da Audi, a Horch era famosa até a Segunda Guerra Mundial pelos seus modelos de luxo que rivalizavam com os Mercedes-Benz. Terminado o conflito, a marca ressurgiu por um curto período na Alemanha comunista. Entre 1955 e 1959, o país produziu o Horch P240, um carro de luxo para as autoridades do país e que era equipado com um motor 2.4 de seis cilindros.