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Um é o alter ego do outro. E, uma vez que o Classe A abandonou de vez o papel de monovolume de senhoras para assumir sua esportividade, tendo como principal referência precisamente o BMW Série 1, não há como negar esse fato. No principal mercado deles, o europeu, a jogada deu muito certo: o Classe A vendeu mais que o Série 1 – porém, aqui no Brasil, o BMW é mais vendido que o Mercedes. Mas essa eterna batalha terá um novo round quando debutar a quarta geração do Classe A e a terceira do Série 1 – respectivamente no ano que vem 2018 e no início de 2019.

E a briga se tornará mais direta, porque eles se parecerão ainda mais. Se o Mercedes teve seu grande salto conceitual em 2012, mudando totalmente a aparência e a configuração, a revolução da BMW vem agora, com a tração passando das rodas traseiras para as dianteiras: um salto justificado pela lógica de sinergias, afinal a plataforma UKL – que, além dos Mini, já equipa os BMW Série 2 Active Tourer e X1 –, passará também a ser usado no Série 1. Em termos de prazer de condução, a marca promete uma geometria e uma calibração da suspensão que não deixe o motorista sentir falta da tração traseira. Do ponto de vista de marketing, entretanto, é estranho ver a BMW hoje promover a tração traseira como uma exclusividade sua (na Europa, uma campanha publicitária diz “não oferecida em nenhum rival”) e amanhã fazer tal mudança.

Por outro lado, ele ficará mais confortável ​​– a adoção de tração dianteira normalmente adiciona espaço para passageiros e bagagem – enquanto o Classe A ficará mais esportivo. Ou seja, eles vêm fazendo uma convergência que agora pode se tornar uma troca de personalidades. Em relação ao design do novo Série 1, as surpresas serão parciais, com referências à linguagem explorada com o Conceito X2 (Salão de Paris de 2016). Já o Classe A manterá a filosofia vencedora de hatch esportivo. Se comparado ao modelo atual, do designer Gorden Wagener, as superfícies serão simplificadas, ganhando uma linha contínua na lateral.

Mesmo nos motores, as diferenças vão diminuir. Hoje, se você uiser um 6 cilindros sob o capô, o Classe A não tem o que oferecer, enquanto a BMW tem o M140i. No futuro, não: a plataforma UKL é compatível só com motores menores. E será um 4 cilindros turbo o motor do próximo M140i. A tração integral xDrive será usada, talvez com a ajuda de um motor elétrico. Ele se oporá ao A 45 AMG, que terá 400 cv e transmissão 4Matic. Os demais Classe A ganharão também motores 3 cilindros turbo a gasolina – como já têm os BMW.


Surpresa: o sedã do Classe A

Era 2012 e a Mercedes – que já havia sido visionária em 1997 com a introdução do Classe A – fez uma segunda revolução, abandonando o layout de minivan (de certo sucesso comercial) e a custosa plataforma sanduíche para transformar o seu carro de entrada em um tradicional dois volumes. O fundamento da decisão era mais técnico que de mercado: a nova plataforma poderia dar origem a variantes que a “sanduíche” não permitia. E, de fato, a partir do Classe A nasceu o “sedã-cupê” CLA, sua versão Shooting Brake e o crossover GLA. Com a mudança de geração, ganharão a companhia de um inédito sedã (ilustrado aqui). Pensado para a China, onde foi apresentado (Salão de Xangai), ele pode ser interessante também para o Brasil, como rival do Audi A3 Sedan e do BMW Série 1 Sedan (ainda conceitual, inicialmente também só para a China).