Campeão todos querem ser. Mas dois pilotos sonham mais alto na temporada 2018 da Fórmula 1: Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. O inglês do carro 44 da Mercedes-Benz e o alemão do carro 5 da Ferrari sonham em igualar a conquista de Juan Manuel Fangio, o argentino que foi cinco vezes campeão mundial na primeira década da Fórmula 1. Fangio ganhou com a Alfa Romeo (1951), com a Mercedes (1954 e 1955), com a Ferrari (1956) e com a Maserati (1957). Até hoje, só um piloto na história conseguiu igualar (e superar) o mito argentino: Michael Schumacher, sete vezes campeão.

Para conseguir seus objetivos, Lewis e Seb contam com a confiabilidade dos motores turbo V6 e do sistema híbrido da Mercedes e da Ferrari, pois este ano cada piloto só pode usar três motores em todo o campeonato. Esses motores têm 1,6 litro de cilindrada e só podem trabalhar até 15.000 rpm. As limitações são para garantir um maior equilíbrio entre as equipes. Os carros não podem ultrapassar 733 kg (contando com o piloto e todo o seu equipamento). Com a adoção do pesado Halo – o feioso dispositivo de segurança adotado pela FIA –, as equipes tiveram que trabalhar com algo entre 13 e 15 kg a mais.

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Problemas iniciais sempre são esperados, mas ninguém duvida que tanto o Mercedes F1 W09 quanto a Ferrari SF71H permitirão a Lewis e Vettel brigar pelo título ao longo dos 12 GPs dessa temporada – a primeira desde 1970 a não contar com nenhum piloto brasileiro. Resta aos aficionados brasileiros, portanto, curtirem a Fórmula 1 pela sua essência e não apenas por ter um compatriota na pista. E uma das grandes disputas será a luta de Hamilton e Vettel para se igualar a Fangio.

Mesmo que um deles chegue ao quinto título, porém, os números de Fangio continuarão imbatíveis. Afinal, Juan disputou apenas oito temporadas e isso foi suficiente para ser cinco vezes campeão e duas vezes vice. Não correu em 1952 devido a um acidente gravíssimo. Das 3.037 voltas que deu na F1, Juan liderou 1.347, ou seja, 44%. Lewis e Seb têm ótimos números também, mas distantes do argentino. Lewis liderou 3.517 das 11.699 voltas que deu na carreira (30%) e Seb foi líder de 2.990 das suas 10.722 voltas (28%). Os números não consideram o GP da Austrália deste ano, disputado após o fechamento desta edição.

Enquanto Fangio ganhou cinco títulos em quatro equipes diferentes, todos os títulos de Vettel (2010, 2011, 2012 e 2013) foram conquistados pela Red Bull-Renault e os quatro de Hamilton tiveram duas equipes (2008 pela McLaren-Mercedes e 2014, 2015 e 2017 pela Mercedes). Dos três, Hamilton é o que tem mais vitórias (62) e poles (72), mas precisou de 208 GPs para consegui-las, o que dá um percentual de 30% e 35%, respectivamente. Vettel tem 47 vitórias (24%) e 50 poles (25%), mas precisou de 198 GPs para tanto. Já o argentino Fangio conseguiu “apenas” 24 vitórias e 29 poles, mas só precisou de 51 GPs para obtê-las, o que dá a ele percentuais de 47% e 57%, respectivamente. Ele também tem o melhor percentual de voltas mais rápidas em toda a carreira, com 45% (23 voltas), contra 18% de Hamilton (38 voltas) e 17% de Vettel (33 voltas).

Diante de todos esses números, pode ser que um dos dois favoritos iguale os cinco títulos mundiais do mito argentino, mas só se nascerem de novo os ótimos tetracampeões Lewis Hamilton e Sebastian Vettel conseguirão ser um novo Juan Manuel Fangio, o piloto que tem as melhores estatísticas em toda a história da Fórmula 1. De qualquer forma, tanto para Lewis quanto para Seb, igualar os cinco títulos de Juan será uma façanha digna dos maiores aplausos.