A tecnologia que encontramos hoje sob o capo dos modernos carros de nosso mercado, já vem sendo desenvolvida há, pelo menos, vinte anos. É isso mesmo, motores de pequena capacidade cúbica, compactos, mas capazes de desenvolver expressivos resultados de potência e torque já estavam sendo pensados e desenvolvidos pela indústria automobilística mundial há muito tempo. Como a tecnologia de materiais e de processos produtivos também caminha a passos largos, os engenheiros vieram viabilizando suas modernas ideias e seus conceitos com resultados que estamos colhendo hoje.

Mas não se assuste, na indústria automobilística as coisas acontecem assim mesmo: de maneira lenta, mas progressiva. As novas tecnologias não surgem do dia para noite, mas são desenvolvidas com passos que apesar de parecerem passos de formiga, nunca param sua caminhada rumo ao desenvolvimento.

O turbo, por exemplo, surgiu com mais expressividade nos anos 70, mas sempre buscando performance e alto desempenho. Era um recurso exclusivo destinado aos superesportivos e aos carros de competição. Quando é que você poderia imaginar um pacato popular de família utilizando o recurso do turbo compressor para tornar o carrinho seguro nas ultrapassagens e econômico na hora de abastecer? Pois bem, o nome disso é evolução.

Quem, como eu, teve a oportunidade de dirigir um Porsche Turbo 1975 e dirige hoje um Golf GTI, sabe do que eu estou falando. No Porsche, o motor não tinha força alguma nas baixas e medias rotações, mas quando o tal turbo entrava, você tomava um soco nas costas e o esportivo saia em uma aceleração assustadora. O carro não era nem um pouco amigável de ser dirigido, principalmente nos dias de chuva ou em locais onde a aderência não fosse muito favorecida. O cara atrás do volante precisava entender muito da arte de pilotar. Em contrapartida, um Golf GTI equipado com motor 2.0 turbo com injeção direta produz uma potencia de 220cv (110cv por litro de cilindrada), mas com uma docilidade que nossa vovozinha com 80 anos de idade será capaz de dirigi-lo, com total segurança e com uma facilidade que impressionará até o mais assustado passageiro.

Foi isso que a engenharia de nossa indústria fez ao longo desses 40 anos: tornou a tecnologia antes só aplicável em esportivos em algo que beneficia ao mais comum dos consumidores. Hoje, por exemplo, temos o motor de 3 cilindros turbo utilizado no VW Up TSI, rendendo 106cv, com injeção direta de combustível, comandos variáveis na admissão e no escapamento que consegue juntar parâmetros distantes como baixo consumo e alto desempenho em um único motor.

Lembrando que esse mesmo motor, quando utilizado no Golf, produz saudáveis 125cv com uma economia de combustível que chega a assustar. Lembram-se do passo de formiga lá de cima? Pois bem, ela tanto caminhou ao longo desses anos, que chegou a resultados tão expressivos. Para isso serve a alta tecnologia: conciliar uma unidade compacta e leve, a um alto desempenho e baixo consumo. Melhor impossível.