23/09/2013 - 14:17
Sento no banco do motorista, fecho a porta e me surpreendo. Meu cotovelo esquerdo encosta no revestimento macio e coberto de couro, como os bancos. A posição de dirigir também me agrada, apesar de os ajustes do volante serem limitados. No banco do passageiro, minha mulher nota que o painel tem revestimento “de carro chique”. Concordo, e acrescento que a central multimídia é completa e fácil de usar. Além do básico, combina tela sensível ao toque com botões tradicionais, tem DVD e um bom sistema de navegação. Até aí, tudo ia bem. Mas…
Ligo o motor e o ruído invade a cabine de maneira assustadora. Aciono o ar-condicionado e noto os botões mal encaixados, cercados de um plástico liso que destoa do resto. Tento abaixar o banco e noto que, apesar da boa lista de itens de série, não há ajuste de altura (nem computador de bordo, noto depois). Um alerta indica que a porta está aberta. Bato de novo, ela continua aberta. Bato mais forte. Aí, sim. Fechou. Decepção…
Engato a ré e a tela mostra a imagem da câmera, de ótima definição. Na primeira acelerada, o motor 1.8 mostra disposição. Mesmo em baixas rotações, responde bem, graças ao comando variável. Os freios também surpreendem, com respostas progressivas. Dou carona para uma amiga e ela elogia o espaço traseiro. Mais uma vez, o chinês começa a se mostrar interessante. Mas…
Uma rua mais esburacada ativa os “grilos” da cabine. É plástico rangendo por toda a parte, e esses rangidos são ouvidos mesmo com todo o barulho do motor. A direção hidráulica é lenta e as rodas dianteiras desgarram do chão, deixando os pneus derraparem. Falando nisso, as suspensões, de modo geral, decepcionam: a carroceria inclina demais nas curvas e falta um pouco de conforto. Vou abrir o porta-malas, e a tampa é pesada demais.
Afinal, o X60 vale a pena? Na casa dos R$ 53.000, há no mercado opções menos potentes e equipadas, mas mais equilibradas como um todo – Renault Duster e Ford EcoSport, por exemplo. Esse Lifan mostra que os chineses estão, sim, evoluindo. Mas, para usufruir de suas inegáveis qualidades, citadas aqui, é preciso conviver com outros irritantes problemas. Neles, ainda não se pode ter tudo. É preciso escolher: ou isto ou aquilo.