21/04/2025 - 15:12
O Papa Francisco, falecido nesta segunda-feira, 21, surpreendeu funcionários da Fiat Brasil durante sua visita ao país em 2013 com um pedido inusitado: queria andar pelo país no carro mais barato disponibilizado pela montadora. O escolhido foi um Fiat Idea que permanece no acervo da empresa, em Betim, Minas Gerais.
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A Fiat possuía então uma ligação com o Vaticano devido a sua origem na Itália, de modo que os pedidos de automóveis eram intermediados pela unidade na Europa. A administração brasileira foi requisitada inicialmente apenas a informar os modelos disponíveis.
“Na época eu escolhi os carros mais tops de linha que tinha, o que era um procedimento natural, né?”, recorda o então gerente de comunicação da empresa no Brasil, Ricardo Dilser. “Pedi só carros blindados, e depois recebo a orientação de que o Papa, por ser franciscano, queria o carro mais barato, sem segurança, sem nada.”
Dilser não atendeu totalmente o pedido do Papa. “Eu falei pro meu chefe: ‘não dá para colocar o papa em um Uno Mille, né?”, diz. A empresa saiu em busca então do Fiat Idea, um modelo popular do segmento minivan lançado em 2005 e que parou de ser fabricado em 2016.
“Foi um problema, porque na época os carros que eu tinha na minha frota eram carros todos completos, todos blindados”, recorda Dilser. A solução encontrada foi alugar um carro da Localiza, posteriormente adquirido pela fabricante por sua importância histórica. “Escolhi a versão mais barata dele. Inclusive o vidro da porta do Papa, o vidro de trás, era manual. Não tinha nem vidro elétrico o carro.”
Os amassados no carro do Papa Francisco
O pontífice e o Fiat Idea acabaram por viver um momento histórico no Rio de Janeiro. Logo após aterrissar no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, Francisco foi recebido por autoridades como a presidenta Dilma Rousseff e entrou no no automóvel para ser conduzido ao centro da cidade.
O motorista no entanto se perdeu. O Fiat Idea com o Papa acabou na Avenida Presidente Vargas, uma das mais importantes e movimentadas do Rio de Janeiro, que não estava isolada para a população. Francisco então baixou o vidro traseiro manual e passou a acenar para fiéis na rua, que se aglomeraram ao redor do automóvel.
As imagens rodaram o mundo e chegaram a preocupar especialistas que alertaram sobre o risco à segurança do Papa. Francisco no entanto pareceu despreocupado, abençoou fiéis e sorriu durante um trajeto lento em meio à multidão.
“Essa coisa de atender as pessoas pela janelas do Fiat Idea era muito novo, nada convencional. Um dos caras mais poderosos do mundo, absolutamente humilde”, comenta Dilser.
O episódio acabou por deixar riscos e amassados na porta do automóvel. “Não deixei que consertassem o automóvel. Falei: ‘vai ficar os amassados, porque foram os fiéis’. Eu nunca deixei ninguém nem mais sentar no banco de trás”, afirma Dilser.
A Fiat confirma que o carro segue no acervo da empresa e jamais foi utilizado por outra pessoa. Os amassados e riscos foram mantidos. A empresa não tem no entanto fotos atualizadas do veículo.