O Papa Francisco, que faleceu na segunda-feira, 21, utilizava um papamóvel totalmente elétrico. O argentino estreou o veículo no final do ano passado, cujo desenvolvimento foi feito pela Mercedes-Benz em parceria com o Vaticano por cerca de um ano.

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Papamóvel
Papa Francisco ao lado do CEO do Grupo Mercedes-Benz, Ola Kallenius, no Vaticano 4/12/2024 REUTERS/Yara Nardi

Como é o Classe G elétrico modificado?

O visual conta com uma cabine aberta atrás. Os bancos foram substituídos por um assento individual centralizado e com altura ajustável. Este assento principal giratório permite a movimentação flexível e a interação com o público de diferentes ângulos. Atrás do assento individual, dois outros assentos foram integrados para passageiros adicionais.

Papamóvel elétrico – Foto: Divulgação/Mercedes

O teto foi removido na coluna B, e a própria coluna B foi integrada à parede lateral. Em caso de chuva, por exemplo, um teto rígido separado oferece proteção aos ocupantes.

A porta traseira esquerda foi removida e reconstruída a partir de uma única peça e soldada à carroceria. No lado direito, as dobradiças da porta traseira foram realocadas para o lado oposto.

Papamóvel elétrico – Foto: Divulgação/Mercedes

Assim como os papamóveis anteriores, o veículo é pintado no clássico branco perolado por fora.

O sistema de transmissão elétrico do G580 com tecnologia EQ foi adaptado a velocidades baixas exigidas para aparições públicas.

O veículo de série utiliza quatro motores para desempenhar 580 cv de potência e 118 kgfm de torque. A Mercedes afirma que ele consegue ir de 0 a 100 em 4,6 segundos.

Na Europa, o G 580 EQ sai por 142.621,50 euros, ou 939.975,52 reais em conversão direta. O Vaticano nem mesmo a Mercedes revelaram o valor do carro que por questões óbvias pode ser inestimável.

Papamóvel elétrico – Foto: Divulgação/Mercedes

Mercedes-Benz e o Vaticano

O principal fabricante que oferece carros para a sede do governo pontifício é a Mercedes, isso há 94 anos. Nos últimos 45 anos, os Papas utilizam os veículos baseados no Classe G. Veja abaixo a parceria da montadora com o Vaticano ao longo dos anos:

  • O primeiro veículo feito para o chefe da igreja católica foi um Nürburg 460 Pullman Sedan, para o Papa Pio XI, de 1930;
  • Na década de 1960, João XXIII recebeu um Landaulet 300 com transmissão automática e distância entre-eixos estendida;
  • Seu sucessor, Paulo VI, utilizou inicialmente um Landaulet 600 Pullman e, posteriormente, um 300 SEL – também um Landaulet;
  • Na década de 1980, João Paulo II usou o primeiro veículo oficialmente chamado “papamóvel” para eventos na Praça de São Pedro, um modelo G da série 460 modificado;
  • A partir de 2002, João Paulo II utilizou um G 500 da série 463, que também foi usado por seus sucessores, Bento XVI e Francisco;
  • Vale destacar que carros especialmente projetados baseados no Mercedes-Benz Classe M e no GLE também foram utilizados em algumas ocasiões;
  • Após sua aposentadoria, alguns dos papamóveis foram expostos no Vaticano e no Museu Mercedes-Benz em Stuttgart.

Papa no Brasil

A Fiat também é outra marca ligada ao Vaticano. Havia pedidos de automóveis intermediados pela unidade na Europa. Quando o Papa veio ao Brasil, em 2013, a administração brasileira foi requisitada inicialmente apenas a informar os modelos disponíveis. Francisco escolheu um Fiat Idea.

“Na época eu escolhi os carros mais tops de linha que tinha, o que era um procedimento natural, né?”, recorda o então gerente de comunicação da empresa no Brasil, Ricardo Dilser. “Pedi só carros blindados, e depois recebo a orientação de que o Papa, por ser franciscano, queria o carro mais barato, sem segurança, sem nada.”

Carro Fiat Idea do Papa Francisco é cercado por fiéis no Rio de Janeiro.
Fiat Idea do Papa Francisco é cercado por fiéis no Rio de Janeiro. Crédito: Reprodução/YouTube/AFP Português