20/09/2016 - 11:37
Quem é que nunca ficou tentado a colocar uma gasolina especial, como são mais popularmente chamadas a gasolina premium (e a Podium, da Petrobras), pensando em tirar a máxima performance dos seus carros ou conseguir uma redução drástica no consumo de combustível? Vamos, então, analisar os mitos e verdades desses combustíveis e saber até que ponto vale a pena financeira e tecnicamente sua utilização.
Uma coisa deve ficar clara: as gasolinas premium e Podium são diferentes das gasolinas aditivadas. Esta última tem exatamente a mesma composição química da gasolina comum (poder calorífico e octanagem) diferenciando-se da comum apenas na adição de detergentes e dispersantes. Componentes químicos que mantém livre da carbonização as peças do sistema de alimentação, como bomba, tubulações, válvulas, flauta e bicos injetores.
É bom lembrar, também, que as gasolinas especiais também são aditivadas com detergentes e dispersantes, mas, além disso, seu refino provém de um petróleo de melhor qualidade, mais fino em sua composição. Por isso, possuem uma octanagem bem superior às comuns e aditivadas (87 IAD na comum, 91 IAD na premium e 95 IAD na Podium), fazendo com que a performance de motores mais comprimidos e de características marcantemente esportivas, melhore substancialmente.
Vou contar minha experiência pessoal com esses combustíveis. Há alguns anos, fui proprietário de um BMW M3, que, vocês já devem saber, é equipado com um motor seis cilindros em linha com destacadas características esportivas. Por minha conta, fiz alguns experimentos, aproveitando que rodava cerca de 160km por dia por estrada de pista dupla e trânsito bastante estável.
Com gasolina comum, utilizando o computador de bordo como referência, atingia a marca dos 10 km/l, resultado que se repetia durante vários experimentos. Notava que, visualmente, as saídas do escapamento ficavam pretas em um tom seco e aveludado.
Fiz exatamente o mesmo experimento com a gasolina Podium, na mesma velocidade e utilizando a mesma estrada para ir e para voltar. O computador de bordo o carro passou a indicar a marca de 11 km/l, ou seja, cerca de 10% melhor que o resultado obtido com a gasolina comum. Outro detalhe observado, é que a saída do escapamento ficava na cor cinza bem clara e seca, indicação clara de que houve uma sensível redução na emissão de gases não queimados.
Fica claro, no exemplo acima, que as gasolina especiais eram adequadas às características esportivas do motor do M3. Gastava menos, emitia menos poluentes e melhorava a performance do motor.
A desvantagem é o preço mais elevado. Mesmo com um consumo 10% menor, financeiramente não valia a pena, pois o combustível custava cerca de 30 % mais caro que a gasolina comum. Economizava 10%, mas custava 30% a mais. A conta não fechava.
Mas, claro, que quem compra um superesportivo importado ou uma moto de alta performance, não vai pensar em economizar na qualidade do combustível que aquele ‘super motor’ exige. É a mesma coisa que você fazer um banquete e depois querer fazer economia no palito de dente. Não tem cabimento.
Agora, se você tem um carro comum, será que vale a pena gastar com um combustível caro? Eu diria que não. O motor foi concebido e calibrado pelas engenharias de motores das fabricas para consumir etanol ou gasolina comum ou aditivada e não vai conseguir tirar proveito da maior octanagem da Podium ou da premium.
É como dar file mignon para os seus cachorros. Qualquer carne agrada e deixam felizes os nossos amigos caninos. E não acredite na balela que diz que gasolina aditivada melhora o rendimento do carro. Mentira! Ela pode limpar o sistema de alimentação, mas nunca melhorar o desempenho ou o consumo, como diz a publicidade de algumas marcas de combustíveis…