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Você que gosta dos programas de carros na TV, como o Overhaulin do americano Chip Foose, já deve ter visto muitas vezes os gringos falarem em jatear toda a carroceria antes de iniciar a funilaria. Aqui no Brasil, porém, o procedimento ainda divide opiniões entre muita gente que trabalha na restauração de veículos. Mas saiba que, se bem feito, ele pode contribuir (e muito) para um serviço de qualidade superior.

Na realidade, esse recurso técnico é utilizado pela indústria quando se quer “limpar” algum componente metálico que precisa ser totalmente exposto para um tratamento ou alguma pintura. Quando foi criado, lá nos anos 60, o sistema jateava areia sob pressão e dessa forma tudo o que não fosse metal era arrancado. Mas é claro que a areia utilizada nesse processo se contaminava com o que havia sido arrancado do metal e, por esse motivo, a legislação ambiental proibiu a partir dos anos 80 que a areia fosse utilizada como elemento de extrusão e limpeza de metais. O nome jato de areia ficou, mas hoje se utilizam nesses jateamentos outros materiais, como a granalha de ferro ou micro esferas de vidro.

O fato é que, para a recuperação de carroceria de carro, o sistema é perfeito. Limpa completamente a parte metálica, deixando-a nua, no metal, para que dessa forma o funileiro possa avaliar com precisão onde a lataria não foi atacada pela ferrugem. Tudo é arrancado da carroceria, desde a sujeira que se depositou ao longo de décadas até reparos feito com massa plástica, emborrachamento e protetores químicos que foram utilizados quando da fabricação.

Mas há algumas ressalvas para se fazer: a primeira é que o serviço exige mão-de-obra capacitada no jateamento de carrocerias de automóveis, já que a alta pressão do jato pode danificar a lataria se executada por profissionais sem preparo. E, pelo mesmo motivo, o jateamento não é recomendado para chapas de grandes dimensões, como as do teto e das laterais, que são mais sensíveis. Nestas áreas, a recomendação é que a retirada da tinta seja feita manualmente pelo funileiro.

Eu, particularmente, estou restaurando um Passat GTS Pointer 1986. O carro foi totalmente desmontado e sua carroceria passou pelo processo de jateamento, como você poderá ver nas fotos da galeria.

Com a carroceria na chapa, o profissional iniciou a fase de substituição da lataria onde a corrosão progressiva dos últimos 30 anos castigou nosso Passat. Como o jateamento expõe o metal, a oxidação proveniente da umidade natural da atmosfera inicia rapidamente o processo de ferrugem. Por isso, no máximo 10 horas após o jateamento, a carroceria deve ser protegida por um banho de primer, um protetor que evita a ferrugem na chapa de aço. O processo de jateamento é muito útil aos funileiros e eleva o processo de restauração para um nível acima.

Desta forma não ficamos devendo nada ao que os gringos fazem no exterior. Se o jateamento é caro? Não, varia entre R$200 e R$300 reais a hora de serviço (um carro demora de 3 a 5 horas de trabalho, dependendo do porte e complexidade da carroceria), incluso aí, a mão de obra e a matéria prima utilizada. Utilizei, por exemplo, os serviços da empresa Veronessi Jateamento e Pintura Técnica (11 40241001), empresa pioneira nessa área e que está sediada na cidade de Itu.

Confira abaixo um vídeo do processo de jateamento do Passat: