Se você busca um carro para a família na faixa de R$ 120.000, não faltam opções. Você pode comprar um sedã alemão como um BMW Série 3, mas não terá muito espaço no banco traseiro nem versatilidade para levar objetos grandes. Pode optar por um sedã maior, como um Ford Fusion e resolver o primeiro problema – mas não o segundo. Pode, ainda, levar uma perua tradicional, como um VW Passat Variant ou um Volvo V60 (talvez sejam melhor opção, mas estão fora de moda). Então você acaba fazendo como todo mundo e compra um SUV ou crossover. Ou não. Separamos aqui duas sugestões para sair da mesmice, ser diferente: Citroën DS5 e Mercedes-Benz B 200. E bota diferente nisso. Até classificar esses carros é difícil. O Classe B tem teto alto e espaço de minivan, dirigibilidade de hatch e linhas que poderiam até caracterizálo como station. Mas a Mercedes prefere chamá-lo de Compact Sports Tourer, uma denominação na moda para stations com design mais moderno e “diferente”. Já o DS5 é mais complicado. Mistura características, e por isso é classi cado pela Citroën como um crossover “com ares de shooting-brake” – que, por sua vez, seria uma mistura de perua e cupê. De fato, a linha de teto descendente na traseira lembra uma shooting-brake, mas esse tipo de carro, teoricamente, têm duas portas. Assim, consideramos o DS5 simplesmente como uma station “modernosa”.

O DS5 é vendido em versão única de R$ 124.970; o B 200 parte de R$ 104.900 na versão Turbo, subindo para 116.900 na Turbo Sport avaliada. Temos, portanto, um embate curioso – não só pelo design inusitado dos dois carros, mas por ser uma disputa entre o que a Mercedes faz de mais simples com o que a Citroën faz de mais so sticado. O Classe B usa a plataforma de tração dianteira dos modelos de entrada da marca alemã, enquanto o DS5 é o mais caro Citroën, topo da gama DS, de modelos de luxo da fabricante francesa. O curioso é que, embora possa parecer óbvia a vantagem do Mercedes na questão de status, não foi o que sentimos andando com esses dois carros nas ruas. E isso está claramente ligado ao design. Enquanto o Mercedes é sóbrio e discreto, o Citroën é ousado e chamativo – uma atração mesmo nos bairros nobres da capital paulista. Destaque para as rodas aro 18, belíssimas nos dois modelos.

Dentro dos carros, a disparidade no design continua. No Classe B, tudo é bem-acabado, mas racional, sem extravagâncias, até sem graça. Todos os comandos estão onde se espera – com exceção da alavanca do câmbio, que ca na coluna de direção para liberar espaço no console. Já no DS5, os materiais são mais nobres, mas o design inusitado e inovador, que lembra uma cabine de avião, causa certa confusão. São tantos botões que é preciso um tempo para se acostumar à localização de alguns comandos básicos. Outra disparidade está nos equipamentos (tabela ao lado). O B 200 leva vantagem nos de segurança: oferece auxílio de partida em subidas, detector de fadiga do motorista e sensor de pressão dos pneus. Em conforto e tecnologia, porém, o DS5 ca bem à frente. Tem, entre outros itens, head-up display, banco elétrico com massagem, faróis bixenônio direcionais e teto panorâmico de três setores. Já o Classe B não tem nem itens básicos como ar-condicionado automático, sensor de estacionamento e partida sem chave. 

Em relação ao espaço interno, ambos são similares. Quem viaja atrás têm espaço de sobra para as pernas, com leve vantagem para o B 200, mas o quinto passageiro vai melhor no DS5. Os porta-malas 
partem de quase 500 litros – como em um sedã médio/grande – e, como em uma boa station, chegam a 1.300/1.500 litros com os bancos traseiros rebatidos.

Mas toda essa desvantagem do Classe B no acabamento e nos equipamentos é, em boa parte, compensada ao volante. É verdade que o DS5 tem posição de dirigir mais baixa e envolvente, mas o Mercedes tem o melhor conjunto. Lembra do antigo Classe B, alto e um pouco desequilibrado, que não passava segurança em curvas? Esqueça. Esse novo B 200 tem muito mais em comum com um 
hatch como o novo Classe A do que com qualquer minivan. Faz curvas extremamente bem, sem deixar a carroceria inclinar demais (e ainda conta com o ETS, que corrige a tração em cada roda independentemente). O único porém é que suas suspensões são A direção elétrica do B 200 – direta, precisa, bem isolada e de peso adequado – também é melhor que a eletro-hidráulica do Citroën, que re ete qualquer irregularidade no piso, fazendo com que o motorista que “brigando” com ela, corrigindo a trajetória (mas ca boa em um asfalto liso).

 

No trem de força, nova vantagem do B 200. Os dois motores são similares: modernos 1.6 turbinados com injeção direta, potência na casa dos 160 cv e – mais importante – torque ao redor dos 25 kgfm a baixíssimas 1.250 rpm (Mercedes) e 1.400 rpm (Citroën). Assim, garantem baixo ruído, além de dirigibilidade exemplar, com respostas rápidas e sem turbo lag. Se há uma lentidão de reação no DS5 é por conta do câmbio, um automático de seis marchas; o do B 200, automatizado de dupla embreagem com sete velocidades, é mais rápido e, com trocas no volante, mais divertido. De qualquer forma, os dois carros aceleram de 0-100 km/h em menos de nove segundos e passam de 200 km/h. Outra vantagem está no consumo, que, com nota C do Inmetro, pode ser considerado baixo para o porte e peso deles  (um pouco melhor no B 200, graças ao câmbio e ao sistema start-stop, que desliga o carro em paradas).

 

Por fim, no pós-venda, o DS5 leva vantagem, como se vê nas tabelas: apesar de ter o seguro mais caro, tem garantia maior, exige revisões menos frequentes, cobra bem menos por elas e tem pacote de peças muito mais barato. Além disso tudo, o modelo da Citroën ainda oferece mais conforto e tecnologia em um pacote com design chamativo e futurista. Como conjunto, merece a vitória. Agora, se prazer ao volante é sua principal prioridade, o Classe B é a opção mais indicada.